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Conserto do relógio da Capela Nova, e não só, no séc. XIX

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O relógio da Capela Nova, sem ponteiros! «... Nesta [Câmara], sendo convocados a Nobreza e o Povo, por pregão público, para responderem ao requerimento que fizeram o Presidente e Oficiais da Mesa da  Irmandade dos Clérigos de S. Paulo , desta Vila, para se consertar o relógio público que se acha posto na sua Igreja , no que se deve dispender duzentos mil reis, além de quarenta anuais para o ordenado do que tratar do relógio, pois que o presente salário de três mil reis não é suficiente nos tempos actuais, foi por todos unánimemente respondido que o relógio de que se pede o conserto é muito velho e incapaz, com uma pequena campainha que mal se ouve em pequena distância, e que sendo esta Vila de uma povoação de mais de seis mil almas e a mais notável da Província é preciso que ela tenha um relógio público capaz e bem situado, que se ouça em toda ela, pois que os dois relógios dos conventos de  S. Domingos  e  S. Francisco  estão situados nas extremidades da Vila e pouco se ouvem, e que,

Rainha Santa Isabel, a primeira donatária de Vila Real

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Imagem da Rainha Santa Isabel existente na Igreja de Santa Clara, em Coimbra. (Escultura de Teixeira Lopes) Com a  fundação de Vila Real , D. Dinis ofereceu o Senhoria da Vila a sua mulher, D. Isabel , a fim de que o mesmo fosse sempre pertença das Rainhas de Portugal. Infelizmente, tal não veio a acontecer… Mas esse poderá ser assunto para outro texto! Rainha Santa Isabel - (1269/70? - Estremoz, 1336)  Popularmente conhecida por Rainha Santa , nasceu em Saragoça ou Barcelona. Era filha de Pedro III de Aragão e neta de Jaime I, o Conquistador. O seu casamento com  D. Dinis  foi acordado por escritura antenupcial, de acordo com o direito romano, facto que se registou em Portugal pela primeira vez. Tinha ele sido recomendado em 1280 ao rei de Aragão por Filipe III de França, interessado em apaziguar os reinos de França e da Península Ibérica, desavindos uns com os outros. As cerimónias nupciais, imponentes, efetuaram-se em Trancoso , a 24 de Junho de 1288. Mulher de grande modéstia e bo

«Pucarinhos» - O que são?

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  Foto de Duarte Carvalho «Pucarinhos» O que são? «De todos os artigos de uso doméstico… fabricam também exemplares em ponto pequeno, como brinquedos de crianças, e, finalmente, umas 50 espécies de peças que não excedem 1 cm de altura e que reproduzem em miniatura as peças grandes ou mesmo outras que ao espírito do oleiro ocorre fabricar como curiosidade. A técnica da fabricação desta olaria minúscula tem certos pormenores exigidos pelas dimensões reduzidas dos objectos. Mas é ainda na mesma roda [ de oleiro ] que elas são executadas; simplesmente, uma pirâmide de barro de menos de um palmo de altura colada no tampo, rigorosamente verticalizada e mantida constantemente humedecida, fornece centenas de peças e dura para uma semana de trabalho aturado. Com utensílios de madeira de vidoeiro proporcionados às dimensões das peças, ponteiros, fanadoiros, picadeiras, o oleiro vai fazendo sair do vértice da pirâmide de barro os diferentes objectos, maciços, naturalmente, mas de execuç

Feira de São Pedro ou Feira dos Pucarinhos - 28 e 29 de Junho - Vila Real

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Feira de São Pedro ou Feira dos Pucarinhos 28 e 29 de Junho | Vila Real Pelo São Pedro, é de costume realizar-se em Vila Real, na província de Trás-os-Montes, uma curiosa «feira», tradicionalmente chamada « feira dos pucarinhos ». Tal feira é uma exposição de trabalhos regionais, não só de  olaria , mas também de tecidos de linho; – aparecendo ainda à venda mantas, cobertas de cama, e coisas assim. Tudo isto proveniente de incansável indústria caseira, que ali, embora rústica, se revela artística na ideação e na execução. É, porém, de olaria que, embora muito ao de leve, nestas abreviadas notas se falará agora. * * * Logo pela manhãzinha, na véspera de São Pedro, vão chegando cestos e cestos de louça de barro, pelo ordinário negra, à Rua Central, em frente à capela do nome daquele santo, [ efectivamente, a Capela tem o nome de Capela de S. Pedro e S. Paulo, mais conhecida pela designação de Capela Nova, cuja traça é atribuída a Nicolau Nasoni ] (*)  – que é onde a «feira» s

Solar de Mateus: “jóia delicada da arquitectura do séc. XVIII”

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Solar setecentista dos Condes de Mateus (Solar de Mateus), nos arredores de Vila Real de Trás-os-Montes ("Panorama" nº38 - 1949) “Depois, tem os grandes monumentos: de todas as épocas e estilos. Não precisamos enumerá-los: eles virão ao seu encontro, nesse deambular pelas ruas; impossível ignorá-los. Mas gostaríamos que tivesse em atenção especial o barroco, essa incontrolada explosão de beleza levitante. Encontrá-lo-a sobretudo na fachada da  Capela Nova e no interior da mesma e das Igrejas de São Pedro e do Calvário ; e ainda - claro! - no Solar de Mateus , nas imediações da cidade, a jóia mais delicada da delicada arquitectura do século XVIII. José Maria de Sousa Botelho, morgado de Mateus (1758-1825) Ora na pedra das fachadas, ora na talha dourada dos altares, ora no artesoado dos tectos, o barroco vale sempre bem a pena. Não admira esta pujança do estilo barroco na região de Vila Real. Nicolau Nasoni , o grande arquitecto italiano «double» de pintor, andou po

A Feira de Santo António em Vila Real (1923)

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Um aspeto da Feira do Calvário Em  Vila Real de Trás-os-Montes realizou-se este ano [1923] a tradicional feira de Santo António , com particular brilho e animação, pois concorreram a ela as melhores castas de gados, grande quantidade de artigos de ourivesaria, sapataria, etc., e milhares de forasteiros de todos os pontos do país, que ficaram encantados com o pitoresco do local, as preciosidades arqueológicas que nele abundam e a hospitalidade dos seus habitantes. Abrilhantaram as festas que acompanharam a feira vários desafios desportivos, promovidos pela direcção do Sport Club de Vila Real , conforme a Ilustração já referiu, e realizou-se uma Festa da Flor , da iniciativa das alunas do Liceu Central de Camilo Castelo Branco , a qual rendeu 4:000 escudos, destinados à construção de um monumento ao heróico oficial da armada Carvalho Araújo . Em resumo, foram umas festas encantadoras, de que as fotografias que reproduzimos dão, apenas, pálida ideia.   Grupo de alunas do Liceu de

Para a história do Feriado Municipal de Vila Real

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A Feira de Santo António No  memorial sobre “ Vila Real e seu termo ”, manuscrito em 1721 para a Academia Real de História , e que faz parte do vasto espólio do Arquivo Municipal de Vila Real, está transcrita a “ Provizão que Sua Majestade que Deus guarde foi servida mandar para a feira de Santo António desta Villa Real ”. (...) “ Thomaz da Silva a fez em Lisboa aos vinte de Fevereiro de mil seiscentos e oitenta e oito anos .” Passados 122 anos, dá-se a Implantação da República , e o Governo Provisório da República Portuguesa aprova, a 12 de outubro de 1910, um decreto que, no seu artigo 1º, dizia que “ São considerados feriados, para todos os efeitos, os seguintes dias: 1 de janeiro – consagrado à fraternidade universal, 31 de janeiro – consagrado aos precursores e aos mártires da República, 5 de Outubro – consagrado aos heróis da República, 1 de dezembro – consagrado à autonomia da pátria portuguesa, e 25 de dezembro – consagrado à família .“ No seu artigo 2º, este Decreto es

A Feira de Santo António em Vila Real (1919)

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Uma rua de barracas no Calvário. Nos dias da feira, principalmente ao cair da noite, é um verdadeiro Chiado, onde a melhor sociedade passa algumas horas agradáveis. A Feira de Santo António A origem das feiras portuguesas perde-se nos tempos remotos do período de formação histórica da nossa nacionalidade. Foram sempre uma necessidade nas relações comerciais e agrícolas do nosso povo, para a troca, a compra, a venda e, a princípio, as oscilações do câmbio. No reinado de D. Fernando , as feiras tiveram uma grande importância.  E ainda hoje, por todo o Portugal, se realizam, sendo, porém, as mais pitorescas, as que têm a caracterizá-las um cunho verdadeiramente tradicional, as do Minho e de Trás-os-Montes . Uma barraca de tenda no Carmo. O Alentejo tem as suas grandes feiras de gado, o Algarve tem também as suas feiras, mais ou menos características, mais ou menos pitorescas. As feiras... quanta recordação e quanta saudade neste simples nome! Quanta confidência que os namora