Escarpas do Corgo

 

As escarpas marcam, indubitavelmente, a cidade de Vila Real e a sua relação “íntima” com o Rio Corgo, quase seco no Verão mas, quantas vezes, barrento e tumultuoso em dias de Inverno mais chuvoso.

É assim a opinião livre de amarras ou freios. 

Muitas vezes apenas silêncio ou simples murmúrio, mas que ecoa mais alto do que qualquer sino de igreja matriz. 

Outras vezes, um grito de alerta, incómodo, mordaz, que atinge e desperta para realidades que teimam em manifestar-se, apesar de tentativas infrutíferas de as fazer desaparecer ou, pelo menos, atenuar ou enfraquecer.

Mais do que necessário, é urgente estarmos atentos aos “sinais dos tempos” e agirmos – mais do que reagirmos – por convicção e de acordo com a nossa consciência: limite primeiro e último da atividade de cada um de nós, enquanto seres humanos, sujeitos de direitos e de deveres.

Todos temos a obrigação de ser “profeta”, na denúncia clara e frontal do que está mal na nossa sociedade: 
- a injustiça! 
- a maldade e a opressão destruidora para com os mais frágeis e desprotegidos, particularmente os que vivem nas “periferias” das comunidades, opulentas e esbanjadoras do bem comum! 
- a sede de riqueza! 
- os jogos sujos e a corrupção! 
- o egoísmo!  
- a ambição desmedida!
- a prepotência e o abuso do poder da autoridade que não está, verdadeiramente, ao serviço dos outros, mas que apenas se serve a si e aos seus!  
- a ausência de solidariedade para com o próximo, em especial o refugiado e o migrante! 
- a destruição da natureza, a nossa “casa comum”…

Não nos podemos conformar nem pactuar com o mal – em qualquer das suas manifestações -, ainda que por omissão…

E como o caminho se faz caminhando, como disse o poeta castelhano António Machado

“Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.”

lancemo-nos ao caminho…

Post scriptum: Este texto, agora adaptado e ampliado, foi o primeiro a ser publicado no blogue “Escarpas do Corgo”, iniciado em 15.07.2008, e cuja atividade foi suspensa em 30.01.2012, por razões meramente circunstanciais.

Mantenho disponíveis a maior parte dos textos escritos no período acima referido, na certeza de que o(a) leitor(a) mais curioso(a) os saberá enquadrar devidamente no tempo.

Este é, também, um espaço para recuperar ou guardar memórias desta nossa "Bila": lugares, factos e pessoas que fazem parte da sua e da nossa história.

Retomo, agora, este caminho, deixando, para memória futura, a minha declaração de interesses!

José Pinto [contato]

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