Carta de um funcionário público ao o 1º Ministro

Este texto foi-me enviada por pessoa muito amiga, com pedido de divulgação, a que eu acedo com muito gosto:


«Exmo. Sr. 1º Ministro,

Vou alterar a minha condição de funcionário público, passando à qualidade de empresa em nome individual (como os taxistas) ou de uma firma do tipo

"Jumentos & Consultores Associados Lda." e em vez de vencimento passo a receber contra factura, emitida no fim de cada mês.

Ganha o ministro, ganho eu e o país que se lixe!

Ora vejamos:

Ganha o ministro das Finanças porque:

- Fica com um funcionário público a menos.

- Poupa no que teria que pagar a uma empresa externa para avaliar o meu desempenho profissional.

- Ganha um trabalhador mais produtivo porque a iniciativa privada é, por definição, mais produtiva que o funcionalismo público.

- Fica com menos um trabalhador, potencial grevista e reivindicador que por muito que trabalhe será sempre considerado um mandrião.

E ganho eu porque:

- Deixo de pagar na totalidade todos os impostos a que um funcionário público está obrigado, e bem diga-se, pois passo a considerar o salário mínimo para efeitos fiscais e de segurança social.

- Vou comprar fraldas, champôs, papel higiénico, fairy, skip e uma infinidade de outros produtos à Makro que me emite uma factura com a designação genérica de 'artigos de limpeza', pelo que contam como custos para a empresa.

- Deixo de ter subsídio de almoço, mas todas as refeições passam a ser consideradas despesa da firma.

- Já posso arranjar uma residência em Espanha para comprar carro a metade do preço ou compro um BMW em leasing em nome da firma e lanço as facturas do combustível e de manutenção na contabilidade da empresa.

- Promovo a senhora das limpezas lá de casa a auxiliar de limpeza da firma.

- E, se no fim ainda tiver que pagar impostos, não pago, porque três anos depois o Senhor Ministro adopta um perdão fiscal; nessa ocasião vou ao banco onde tinha depositada a quantia destinada a impostos, fico com os juros e dou o resto à DGCI.

Mas ainda ganho mais:

- Em vez de pagar contribuições para a CNP, faço aplicações financeiras e obtenho benefícios fiscais se é que ainda tenho IRS para pagar.

- Se tiver filhos na universidade eles terão isenção de propinas e direito à bolsa máxima (equivalente ao salário mínimo) e se morar longe da universidade ainda podem beneficiar de um subsídio adicional para alojamento; com essas quantias compro-lhes um carro que, tal como o outro, será adquirido em nome da firma assim como manutenções e combustíveis.

- Se tiver um divórcio litigioso as prestações familiares que o tribunal me condenar já não serão deduzidas directamente na fonte e recebo o ordenado inteiro e só pago se me apetecer...!

Como se pode ver, só teria a ganhar e já podia dizer em público o nome da minha profissão sem parecer uma palavra obscena, afinal, em Portugal ter prejuízo é uma bênção de Deus!

Está visto que ser ultra liberal é o que realmente vale a pena, e porque é que os partidos que alternam no poder têm tantos votos...?

Atentamente
A. Bivar de Sousa»

Funcionário público, não posso deixar de subscrever o texto na íntegra, e solicitar aos eventuais leitores que divulguem das formas que acharem por mais conveniente.

Mensagens populares deste blogue

Brasões de Vila Real - texto do Dr. Júlio Teixeira

Tripas aos molhos | Receita original de Vila Real

A Marcha da Cidade de Vila Real: "Vila Real, Vila Real, Vila Real!"

Memórias do Café Club, em Vila Real

Vila Real, a primeira terra portuguesa com luz elétrica

As Portas da Vila e a cinta de muralhas de Vila Real

Os Cemitérios de Vila Real - Cemitério de Santa Iria

Vila Real de Trás-os-Montes: a origem, o nome, o brasão, a cidade…

Monumento a Nossa Senhora de Lourdes - Vila Real

Vila Real de Trás-os-Montes, por A. Lopes Mendes, em 1886