General José Augusto Alves Roçadas

 

Capitão José Augusto Alves Roçadas
(Cliché da Fotografia Vasques)

Como nós vencemos no Cuamato

"No momento em que o povo de Lisboa aclamava e cobria de louros os expedicionários do Cuamato, escrevendo para sempre em letras de ouro, numa das mais belas páginas da nossa história, o glorioso nome de José Augusto Alves Roçadas, ao lado de tantos outros ilustres, os nossos corações trasbordavam de alegria por vermos que tínhamos merecido da Pátria e que as duras provações por que todos passáramos eram largamente compensadas com tão expansivo acolhimento.

E cada um de nós, fitando reconhecido a heroica figura do nosso comandante que tão bem nos guiara à vitória, não via nele somente o chefe, mas também mais ainda o amigo leal e verdadeiro que nunca mais esqueceremos. (…)

Álvaro Penalva”

O comandante da coluna com os seus chefe e sub-chefe de estado maior.


Grupo de oficiais expedicionários.

[ao centro, o Capitão Alves Roçadas]
(Cliché da Fotografia Vasques)

Forte Roçadas e rio Cunene


Fonte: “Ilustração Portuguesa” – nº100 – 20 de Janeiro de 1908, nº101 - 27 de Janeiro der 1908

Síntese biográfica

"O dia 1 de abril de 1865 é, presumivelmente, a data de nascimento do General José Augusto Alves Roçadas, visto que foi nesse dia que foi exposto na roda de Vila Real.

O padre Domingo dos Santos, que o batizou a 6 do mesmo mês, dificilmente poderia prever que aquele menino viria a ser um dos grandes nomes da história portuguesa, herói nas campanhas de pacificação do sul de Angola e, mais tarde, no comando de uma expedição destinada a proteger da gula dos alemães as fronteiras da mesma colónia." (1)

Sr. Capitão Alves Roçadas

(Cliché da Photographia Vasques)
(Ilustração Portuguesa - nº97 - 30-12-1907)


Militar distinto e valoroso

"Assentou praça em 1882, e concluiu o curso do Estado Maior, na Escola do Exército, com a primeira classificação, em 1889, sendo promovido a alferes nesse ano, para o Regimento de Cavalaria n.° 2.  Promovido a Tenente em 1890, é Capitão aos 29 anos.

Como oficial do Corpo do Estado Maior, desempenhou vários serviços, embarcando em 1897, como chefe de estado-maior, para a província de Angola, onde serviu até 1900.

Tendo regressado ao continente, passa à India, em 1902, para exercer as funções do estado maior das tropas naquele Estado.

Em África

Volta a Angola como governador do distrito de Huila, onde a situação militar, depois do desastre do Pembe, além Cunene, em 1904, é muito precária.

Durante o seu governo, o então capitão Alves Roçadas realiza uma série de operações militares, iniciando um plano de ocupação dos territórios do Sul.

Em Dezembro castiga e domina o Mulondo, cujo soba, Hangalo, declarado inimigo dos portugueses, é morto.

Em 1906 ocupa o Pacolo, Bata-Bata, o Jau. Passa o Cunene e constrói o forte com o seu nome, na margem do rio.

De regresso a Lisboa, a expedição é recebida em triunfo. E Roçadas é nomeado ajudante-de-campo do rei e conselheiro.

Pois depois de ter sido promovido a major, a Ordem do Exército n.° 14 de 20 de Maio de 1908 publica um decreto que o promove, por distinção, a Tenente-coronel, passando a desempenhar vários cargos na metrópole.

No entanto, a sua folha de serviços no Ultramar continua: em 1914, quando são organizadas as duas expedições militares que irão guarnecer as fronteiras de Moçambique e Angola, ameaçadas ou já violadas pelos alemães, é escolhido para o comando da expedição ao Sul de Angola.

"O Sr. Capitão Roçadas e três oficiais da expedição" (Cuamato)

(Cliché da Photographia Vasques)
(Ilustração Portuguesa - nº97 - 30-12-1907)

Em França

Tendo partido para a França em Setembro, graduado em general, foi, em Dezembro de 1918, nomeado comandante interino da 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português, na Flandres, e, em 16 de Abril do ano seguinte, comandante do mesmo corpo.

Em Setembro desse ano passou a governar os territórios da Companhia de Moçambique.

Desde 1923, na metrópole, prestou serviços em várias comissões importantes.

Em Novembro de 1924, após ter prestado provas para o generalato, foi confirmado no seu posto, tendo assumido o comando da 1ª Divisão.

Inúmeras condecorações

Além do colar de grande-oficial da Torre e Espada e da Cruz de Guerra de 1ª classe, o general Alves Roçadas, foi condecorado ainda com a medalha de ouro de Serviços Distintos e do Valor Militar, a Legião de Honra e outras condecorações nacionais e estrangeiras." (2)

O General Alves Roçadas faleceu em Lisboa, em 28 de abril de 1926, rematando-se desta forma uma brilhante carreira militar.

(1) in "Boletim Municipal" - Abr1996

(2) in “Concelho de Vila Real”, Correia de Azevedo (texto editado e adaptado)

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