Conselheiro José de Azevedo Castelo Branco nasceu em Vilarinho da Samardã

 Conselheiro José de Azevedo Castelo Branco natural de Vilarinho da Samardã (Vila Real)

Conselheiro José de Azevedo Castelo Branco

“O conselheiro José de Azevedo Castelo Branco nasceu em Vilarinho de Samardã (Vila Real) a 5 de outubro de 1852.

Foram seus pais Francisco José de Azevedo e D. Carolina Correia Botelho, irmã do notável romancista Camilo Castelo Branco (Visconde de Correia Botelho).

Depois de um curso brilhantíssimo formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra em 1878, e no ano seguinte é despachado cirurgião-militar, e colocado em Caçadores nº 11.

Filiando-se no partido regenerador, onde militou até à sua dissolução e do qual era distinto ornamento, foi eleito deputado vindo, pela primeira vez à Camara na legislatura de 1884-1887, representar o circulo de Valpaços, continuando a ser eleito nas sucessivas legislaturas, representando diferentes círculos até ser nomeado par do reino (carta régia de 29 de dezembro de 1900) tomando assento na câmara em 9 de janeiro de 1901.

Numa e outra câmara deixou assinalado o seu valor de parlamentar distinto, como poderá verificar-se nos respectivos boletins, merecendo-lhe especial atenção os assuntos coloniais, de que tem profundos conhecimentos.

Em 1890 foi nomeado governador civil da Madeira e em 1900 (decreto de 25 de junho) do distrito de Lisboa.

Foi Bibliotecário-mor do reino, Director geral de instrução pública e belas artes e Ministro plenipotenciário na China.

É grã-cruz de várias ordens nacionais e estrangeiras, e pertence a diferentes corporações literárias e científicas.

Ao terminar este artigo publicamos, por especial deferência do conselheiro José de Azevedo Castelo Branco, a que estamos muito reconhecidos, o soneto

O Caminho do Céu

Essa estrada de luz que leva ao Céu
Eu quisera segui-la docemente,
Que em mim - eu sei - existe alguém que sente
A mágoa de perder o que perdeu.

Perdi a Fé - que basta um gesto seu
Para que, dentro em nós, se movimenta
Aquela oculta força omnipotente
Que leva a paz no áureo caduceo.

E vós, constelações d'eterna luz,
Mostrai-me, se podeis, onde conduz
A doirada poeira das estrelas:

Lá, onde for, deixai, se Deus existe
Nas ondas dessa luz minh'alma triste
Banhar-se longamente dentro delas. “ (1)

*****

Após a implantação da República, e para "salvar a vida", o Conselheiro José de Azevedo Castelo Branco, último ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, vê-se forçado a exilar-se no Brasil.

Perante a publicação de "violentos artigos contra as antigas instituições e seus principais vultos, instituições que ele servira leal e honradamente (...), respondeu o conselheiro José de Azevedo Castelo Branco com uma Carta na qual refutava com vigor, a par de uma cortesia inconfundível, as invetivas que lhe eram dirigidas, filhas unicamente do pavor que a sua presença lhes causava.

Esta Carta, que ficou para sempre notável como documento valioso para a história política desta época, foi apreendida proibindo-se a circulação no país."

Doente, regressa a Portugal e fixa residência na sua aldeia natal, Vilarinho da Samardã.

Preso pela autoridades de Vila Real que, "verdadeiramente aterrorizadas com a sua presença, não lhe perdoam a ousadia, e só recuperam a tranquilidade, para continuarem no desempenho das suas funções oficiais, ao vê-lo enclausurado na penitenciária de Coimbra.”

Libertado por ter sido considerado inocente, regressa a Lisboa, onde é preso poucos meses depois. Conduzido à penitenciária, é posteriormente transferido para a cadeia do Limoeiro.

Foi, novamente solto, por falta de provas.

Faleceu em Lisboa, a 24 de março de 1923.

Fonte: (1) e citações de “O Álbum dos Vencidos”, nº2 – 1913 (texto editado)

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