Carta Aberta ao Zé Povinho




Caro Zé Povinho,

Escrevo-te esta carta e dou-te a conhecê-la por este meio, quer residas num dos distritos de Portugal Continental ou em qualquer uma das ilhas das Regiões Autónomas da Madeira ou dos Açores, por manifesta impossibilidade financeira de a poder enviar directamente para a tua morada.

Os últimos desenvolvimentos da crise económico-financeira (para não falar da crise social, da crise de valores, etc.) que a todos nos tem preocupado (mais a uns do que a outros, é certo), despertaram em mim uma necessidade imperiosa de partilhar contigo o que me vai na alma (em perfeita sintonia com o que me vai no pensamento e no coração), porque nos bolsos já pouco ou nada resta para partilhar…

Ouvi, há dias, o Senhor Ministro das Obras Públicas dizer, em Conferência de Imprensa, que os grandes investimentos nas auto-estradas (com excepção de um pequeno troço entre duas localidades), no TGV e no Aeroporto (contrariamente ao que o Senhor Ministro das Finanças tinha dito da parte da manhã desse mesmo dia), eram para continuar, porque Portugal tinha de honrar os compromissos assumidos fora e dentro do País. 

O Senhor Primeiro-Ministro também já veio reafirmar que os grandes investimentos são para cumprir. Com o dinheiro que é de todos! Até ao momento em que escrevo esta missiva, nada foi alterado, tudo continua como antes, “Quartel-general em Abrantes”.

Portugal é pois, sem dúvida, um país que honra a palavra dada e os compromissos assumidos. Ainda bem!

Quando foi proposto que os prémios milionários atribuídos aos gestores de empresas públicas ou com capitais públicos fossem reduzidos (muitas das quais com enormes prejuízos ao logo dos anos!), houve logo muitos que vieram publicamente afirmar que tal não podia ser pois não se podiam mudar as regras a “meio do jogo”, e os compromissos assumidos com esses gestores no início do mandato deviam ser respeitados. E nisto, o Governo foi desautorizado!!

O Estado é pessoa de bem e, por isso, não pode faltar à palavra dada, devendo honrar os compromissos que assumiu. Ainda bem!

Mas contigo, Zé Povinho, ninguém quer honrar os compromissos assumidos: prometem não aumentar os impostos e os mesmos são aumentados logo no dia seguinte… 

Encerram serviços em regiões isoladas, numa perspectiva de racionalização de meios e recursos, e logo se comprometem a fazer mais autoestradas ao lado de outras existentes, uma terceira travessia sobre o Tejo, o TGV, um novo aeroporto...

E, agora, também vais pagar portagens em algumas SCUTS, apesar das condições para o não pagamento continuarem válidas. Mas são eles – quem tu puseste no “poleiro” – quem assim decidiu. E manda quem pode...!

E muitos são os que têm a lata de facilmente virem a público tentar justificar o injustificável. 

É que nós já sabemos: quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão. E o mexilhão és tu, Zé Povinho! O mexilhão somos todos nós: os que pagam e não bufam!

Vão reduzir o valor máximo do valor do subsídio de desemprego a que terias, legalmente, direito (porque para isso descontaste durante o tempo necessário), e até mesmo aumentar a distância máxima entre a tua residência e o novo local de trabalho que estás obrigado a aceitar, como afirmou o Secretário de Estado do Trabalho e da Segurança Social, Valter Lemos.

Mas à Senhora Deputada Inês de Medeiros pagam viagens semanais a Paris, onde diz residir, apesar de ter declarado residência em Lisboa quando apresentou a sua candidatura nas listas do PS para as eleições legislativas do ano passado… 

É a velha história: “Somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que os outros…”

Solidário contigo, aos político de agora eu faço-lhes uma grande figa! “Corninhos” não, pois já pago “direitos de autor”!

Vê se encontras para os lados da Póvoa de Lanhoso a Maria da Fonte

Se chegardes a um acordo na estratégia e nas acções a levar a cabo, e considerardes que o melhor será, no espírito da “justiça de Fafe”, irmos todos por aí abaixo, não te esqueças de me avisar.

Tenho guardado em casa um parente afastado daquele varapau com que o «Olhos-de-Boi», a mando do Governador Civil de Vila Real, deu umas valentes cacetadas ao Camilo Castelo Branco, que concerteza ainda vai ser muito útil junto ao Palácio de S. Bento ou nas arcadas nos edifícios da Praça do Comércio!

É que há um limite para tudo, até para a tua e a minha paciência...

Um abraço do JP

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