Rainha Santa Isabel, a primeira donatária de Vila Real

Imagem da Rainha Santa Isabel

existente na Igreja de Santa Clara, em Coimbra.
(Escultura de Teixeira Lopes)

Com a fundação de Vila Real, D. Dinis ofereceu o Senhoria da Vila a sua mulher, D. Isabel, a fim de que o mesmo fosse sempre pertença das Rainhas de Portugal.

Infelizmente, tal não veio a acontecer…

Mas esse poderá ser assunto para outro texto!

Rainha Santa Isabel - (1269/70? - Estremoz, 1336) 

Popularmente conhecida por Rainha Santa, nasceu em Saragoça ou Barcelona. Era filha de Pedro III de Aragão e neta de Jaime I, o Conquistador.

O seu casamento com D. Dinis foi acordado por escritura antenupcial, de acordo com o direito romano, facto que se registou em Portugal pela primeira vez.

Tinha ele sido recomendado em 1280 ao rei de Aragão por Filipe III de França, interessado em apaziguar os reinos de França e da Península Ibérica, desavindos uns com os outros.

As cerimónias nupciais, imponentes, efetuaram-se em Trancoso, a 24 de Junho de 1288.

Mulher de grande modéstia e bondade, depressa conquistou o coração dos Portugueses, em especial dos pobres e dos desafortunados de todos os géneros.

Mas a sua vida familiar foi perturbada, em especial pelo grave conflito surgido entre o príncipe herdeiro, o futuro D. Afonso IV, e o rei, pois entendia D. Afonso que seu pai favorecia Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis, quanto à sucessão no trono.

Inúmeras vezes foi medianeira e evitou batalhas e guerras

Por diversas vezes, tentou D. Isabel servir de medianeira, acabando por ser mal compreendida pelo próprio esposo, que chegou ao extremo de a mandar, sob custódia, para Alenquer.

Quando o infante D. Afonso se encontrava já em rebelião aberta contra D. Dinis, D. Isabel acorreu a Guimarães, tentando convencer seu filho a depor as armas, mas em vão. 

Parecia inevitável o confronto direto entre pai filho.

D. Isabel intercedeu junto dos dois, conseguindo finalmente, em Maio de 1322, que a paz entre ambos se estabelecesse. Por pouco tempo, porém.

No ano seguinte, D. Afonso pegou outra vez em armas contra o pai, partindo de Santarém com o fito de se apoderar de Lisboa.

Uma vez mais também D. Isabel tentou evitar o confronto entre seu marido e seu filho, conseguindo que D. Afonso desistisse da luta e mostrasse obediência ao rei, que veio a falecer em 1325.

Dedicou a sua vida às obras de misericórdia

Devotada à prática incessante das obras de misericórdia, já em vida o povo lhe chamava Rainha Santa.

Viúva em 1325, D. Isabel, vestiu-se de clarissa e retirou-se então para o Convento de Santa Clara, em Coimbra.

Por ordem sua, o convento foi reconstruído e alargado, sendo-lhe acrescentado um hospital para os pobres. Fundou, ainda, o Hospital dos Inocentes, em Santarém.

Quando regressava de uma peregrinação a Compostela, soube que D. Afonso IV estava em guerra com o rei de Castela, seu sobrinho, pois era filho de D. Constança, sua irmã.

Deslocou-se então a Estremoz para falar com o rei, seu filho, mas adoeceu gravemente, acabando por aí falecer.

Figura lendária da memória do povo português, foi canonizada, em 1625, pelo papa Urbano VIII, e a sua memória litúrgica celebra-se a 4 de Julho.

Fontes: Dicionário Enciclopédico da História de Portugal (I) + O Grande Livro dos Portugueses

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