Isto não é defeito, é feitio antigo, enraizado no ADN
«O País perdeu a
inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão
dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única
direcção a conveniência.
Não há princípio que
não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se
respeita.
Não existe nenhuma
solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens
públicos.
A classe média
abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na
miséria.
Os serviços públicos
vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada
dia.
Vivemos todos ao
acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual,
intelectual, parado.
O tédio invadiu as
almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as
mesas dos cafés.
A ruína económica
cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário
diminui. A renda diminui.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.»
Eça de Queirós
Sugestões:
Eça de Queirós e a política em Portugal
Eça de
Queirós tinha uma visão crítica sobre a política em Portugal.
Ele
retratava a sociedade portuguesa e a classe política de forma satírica e
sarcástica em suas obras literárias, como em "Os Maias" e "O
Primo Basílio".
Eça de
Queirós considerava a política portuguesa como corrupta, burocrática e marcada
pela falta de ambição reformista. Ele destacava a ineficiência dos políticos e
as consequências negativas que isso tinha para o país e para a vida das pessoas
comuns.
Também
criticava a influência da Igreja Católica na política portuguesa, apontando-a
como um obstáculo para o progresso.
No entanto, mesmo com suas críticas, Eça de Queirós não deixava de reconhecer o talento e a inteligência de alguns políticos, ao mesmo tempo em que lamentava o desperdício de seus recursos em um sistema político decadente. (GPT)