Como estava organizado o Museu Etnográfico de Vila Real

Costume transmontano: croça


“(…) Tivemos o prazer de percorrer o Museu de lés-a-lés e verificamos que, com tantas abnegações e sacrifícios, e em tão pouco tempo, não era possível fazer-se melhor, nem com as dificuldades que se tiveram de vencer.

Vamos dar, resumidamente, uma ideia do que é o Museu Etnográfico de Vila Real, o qual constitui um relicário das preciosidades populares deste simples e laborioso povo, Museu tão cheio de curiosidades locais.

Ao penetrarmos na Sala nº1, depara-se-nos logo a estátua monumental, símbolo dos principais labores e fontes de riqueza da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro, da autoria do insigne escultor Armando Correia.

Na mesma Sala, todas as indústrias têxteis têm representação com artigos de linho, seda
e lã fabricados nesta Província.

Na Sala nº2, estão representadas as artes e ofícios, vendo-se aí inúmeros objectos regionais das profissões de

cesteiro

- ferreiro, 

- oleiro,

- latoeiro

- tamanqueiro

- pauseiro, 

com todos os artefactos por eles usados.

Na Sala n.º 3, encontramos o conjunto admirável das casas típicas transmontanas, com algumas das suas modalidades de venda, como: padaria, fainas agrícolas, taberna, azenha, jogos, etc.

A Sala n.º 4 pertence as tradições e arte sacra de Trás-os-Montes. Ali se veem:

- a "Procissão de Sant'Ana na Campeã",

- “Cruzeiro dos três lagares",

- a "Capela do Barroso",

- o "Oratório doméstico",

- um Altar com grupos religiosos,

- o "Santo Soldado"

- e, nas paredes, quadros de S. Jorge e S. Cristóvão (da antiga Procissão de Corpus-Christi, de Vila Real),

- antiguidades da Igreja de S. Diniz,

- e uma vista da Campeã.

No corredor admira-se, com os seus trajes típicos, a "Mulher do requeijão".

Na Sala n° 5 arruma-se a imensidade de trajes regionais da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro, garridos e vistosos, policromos de cor, com que o povo vai para as romarias.

A Sala nº 6 contém grupos regionais, destacando-se a "Dança dos pauliteiros de Miranda", a "Dança do grupo dos barqueiros", objectos da indústria piscatória, uma escada e cesta de colher as uvas das cepas (vinho de enforcado), a "Porca de Murça", artigos de doçaria, etc.

No recanto, salienta-se a "Grande Cascata de Peneda" (imitação).

A Sala nº 7 contém numerosos mapas e fotografias, documentação exacta da vida do povo.

A Sala n° 8 é um interessante e característico "Quarto de cama".

A Sala nº 9 é constituída pela típica "Cozinha transmontana".

Finalmente, depara-se-nos o "Quinteiro" onde o apreciável trabalho do sr. Leonel Figueira, "Os porcos", se destaca como maravilha de confecção.

Não podermos deixar de enaltecer a obra incalculável que a Junta da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro, prestou ao povo transmontano dando-lhe a conhecer tantos e tão valiosos artistas ignorados da sua terra em outras tantas manifestações da vida popular, e em que se traduz a alma engrandecida de um povo tão cavalheiresco e cheio de tradições típicas, neste Museu tão brilhantemente enaltecidas.

Ao sr. coronel Manuel Frutuoso de Carvalho, apresentamos nossas sinceras felicitações
pela monumental obra realizada, devido ao seu esforço perseverante e à boa-vontade de todos os seus colaboradores. (…)”

Fonte: “Concelho de Vila Real”, Bandeira de Tóro, 1943 (texto editado)

Para melhor se compreender o verdadeiro contexto da criação deste Museu Etnográfico e de outros, sugere-se a leitura do texto: "As aldeias do fim do mundo".

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