D. Pedro de Meneses, 1º Conde de Vila Real e Governador de Ceuta

D. Pedro de Meneses, 1º Conde de Vila Real e Governador de Ceuta

D. Pedro de Meneses nasceu em 1367, tendo fugido com sua mãe, D. Maria Villas Boas Porto Carreiro, para Castela, em 1384, por seu pai, o 1º Conde de Viana, D. João Afonso Telles Meneses, ter sido assassinado em Penela, por não estar ao lado do Mestre de Avis.

Em Castela, foi D. Pedro de Meneses elevado a Conde de Aguilar e Aillon.

Aclamado Rei D. João I, feitas as pazes com Castela, voltou para Portugal a Condessa de Viana e seu filho, D. Pedro de Meneses, restituindo-lhes, este Rei, todos os bens que lhe tinham sido confiscados.

Em 1415, pensa D. João I na tomada de Ceuta, apresentando-se D. Pedro de Meneses para o acompanhar com seis galeras equipadas e armadas à sua custa.

Foi, batalhou e praticou tais atos que, em frente dos Mouros, foi armado Cavaleiro por D. Duarte, depois Rei.

Como nenhum dos grandes senhores, que também acompanharam D. João I, quisesse ficar por Governador Capitão General de Ceuta, ofereceu-se D. Pedro de Meneses e ali ficou até que lá morreu de doença, em 22 de Setembro de 1437, com vinte e dois anos de guerra permanente.

Veio a Portugal assistir à Coroação do Rei D. Duarte, desempenhando pela primeira vez o cargo de Alferes-Mor deste Rei, para o qual tinha sido nomeado pelo Rei D. João I.

D. Pedro de Meneses casou quatro vezes.

A primeira, com D. Margarida de Miranda, senhora de grande dote, filha do Arcebispo de Braga, D. Martinho Afonso de Miranda.

Deste casamento nasceram:

I – D. Beatriz de Meneses, que casou com D. Fernando de Noronha, e foram os 2ºs Condes de Vila Real. (,,,)

II – D. Leonor de Meneses, que casou, em 1447, com D. Fernando 3º Duque de Bragança. Esta senhora foi a herdeira dos bens livres de seu Pai, com o encargo de cuidar da sua alma e dos seus restos.

Fez sumptuosas exéquias a seu pai, transladando-lhes os seus ossos de Ceuta para Santarém, para o que mandou construir um monumental túmulo [ver imagens abaixo] na Igreja do Convento de Santo Agostinho, onde ainda hoje se conserva. D. Leonor morreu em 1452, sem geração.

D. Pedro de Meneses, estando em Ceuta, casou segunda vez com D. Felipa Coutinho, filha do Mariscal de Portugal, Gonçalo Vasques Coutinho. Este casamento efetuou-se por procuração, seguindo a noiva de Lisboa para Ceuta, morrendo no caminho.

Casou pela terceira vez D. Pedro de Meneses em 1425, em Ceuta, com D. Beatriz Coutinho, tia da segunda mulher, filha de Fernão Martins Coutinho, senhor de Mafra e da Ericeira.

Deste casamento nasceu:

III – D. Beatriz Coutinho, que casou com D. Fernando de Vasconcelos, filho de D. Afonso, senhor de Cascais, neto do Infante D. João e bisneto do Rei D. Pedro I e de D. Inês de Castro.

O quarto casamento de D. Pedro de Meneses foi com D. Genebra Pessenha, filha herdeira do Almirante Manuel Pessenha.

Deste casamento não houve filhos.

Fora dos casamentos, teve D. Pedro de Meneses:

IV – D. Isabel de Meneses, que casou em 1418 com Rui Gomes da Silva, Alcaide Mor de Campo Maior e de Ouguela, e um dos grandes guerreiros de Ceuta, onde esteve desde a tomada em 1415 até 1434.

Deste casamento nasceram, entre outros, o 1º Conde de Portalegre, o Beato Amadeu, a Beata Beatriz da Silva, e D. Branca de Meneses, que casou com João Rodrigues Ribeiro de Vasconcelos, progenitor dos Condes de Figueiró e de Castelo Melhor, etc.

V – D. Aldonça de Meneses, que casou primeiro com Rui Nogueira, Alcaide das Alcáçovas de Lisboa, de quem não teve filhos, e depois com Luís Azevedo, Vedor da Fazenda, ascendentes dos Condes de Matosinhos, Penaguião, etc.

VI – D. Duarte de Meneses, que foi 3º Conde de Viana e Governador Capitão General de Ceuta e de Alcácer Ceguer.

Casou, primeiro com D. Isabel de Melo, filha do Guarda Mor de D. João I, Martins Afonso de Melo, e de sua mulher, D. Beatriz Pimentel, filha dos Condes de Benavente.

Casou D. Duarte de Meneses segunda vez com D. Isabel de Castro, irmã do 1º Conde de Monsanto.

Do primeiro casamento de D, Duarte de Meneses nasceu D. Maria de Meneses, que casou com D. João de Castro, 2º Conde de Monsanto.

Do segundo casamento de D. Duarte de Meneses nasceram D. Henrique de Meneses, 4º Conde de Viana, Conde de Valença e de Loulé, que casou com D. Guiomar, filha de D. Fernando, Duque de Bragança, etc.; D. Garcia de Meneses, que foi Bispo de Évora e da Guarda; D. Fernando de Meneses, o Narizes, que casou com D. Isabel de Castro e foram progenitores dos Condes de Basto, D. João de Meneses, que foi o 1º Conde de Tarouca e Prior do Crato, depois de viúvo de D. Joana de Vilhena, filha do senhor de Unhão, Fernão Teles de Meneses, etc. etc.

Túmulo de D. Pedro de Meneses existente na Igreja de Santa Clara de Santarém.

Tem uma enorme inscrição publicads nos «Governadores Capitães Generais de Ceuta» por Afonso de Dornelas, IV Volume da «História e Genealogia». Dentro deste túmulo estão também os restos de D. Margarida de Miranda e D. Beatriz Coutinho, 1ª e 3ª mulheres de D. Pedro de Meneses. Neste túmulo há dezenas de vezes a palavra «Aleo», grito de guerra dos Portugueses em Ceuta.

Tampo do riquíssimo sarcófago de D. Pedro de Meneses, 1º e 3º Governador Capitão General de Ceuta.

Estátuas jacentes de D. Pedro e de sua 3ª mulher, D. Beatriz Coutinho. As posições deste dois vultos e as linhas gerais do resto deste tampo são exactamente iguais aos túmulo de D. João I  e de sua mulher no Mosteiro da Batalha.


(Extrato de comunicação de Afonso de Dornelas à Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa, em sessão de 8 de Março de 1928 - texto editado e adaptado)

In “Documentos Antigos – Instituição do vínculo de Morgadio dos Condes de Vila Real, feita em Ceuta em 1431” - "Elucidário Nobiliarchico", Vol.1 - Nº10

Sugestões:

Mensagens populares deste blogue

Tripas aos molhos | Receita original de Vila Real

Vila Real, a primeira terra portuguesa com luz elétrica

Os Cemitérios de Vila Real - Cemitério de Santa Iria

Foral de Vila Real doado por D. Dinis e Dª Isabel em 1289

Diogo Cão - genealogia do intrépido e arrojado navegador português

A Estátua de Vila Real

Vila Real de Trás-os-Montes: a origem, o nome, o brasão, a cidade…

OS BROCAS - Uma Ilustre família de Vila Real

Vila Real de Trás-os-Montes, por A. Lopes Mendes, em 1886