Aos visitantes da Sé Catedral de Vila Real
"A Igreja de São Domingos, sede de um convento dessa ordem fundado por monges vimaranenses no tempo de D.João I (1421) e erigido a partir de 1424, constitui o melhor exemplo transmontano da arquitectura gótica.
O plano aqui adoptado, despojado e funcional, composto por
três naves de três tramos, transepto saliente e cabeceira de capela-mor única,
testemunha a cronologia quatrocentista da obra, circunstância reforçada ainda
por outros elementos decorativos, como as pilastras chanfradas, os capitéis de
folhagem de tipo batalhino, ou a fachada com robustos contrafortes cingindo o
portal, este de três arcos apontados, inscrito em gablete e sobrepujado por rosácea.
Situado extra-muros, no antigo campo do Tavolado, com adro
ornado com um cruzeiro de alto fuste (datado do século XVI), trata-se de um
tipo de arquitectura gótica de porte robusto, em variação regional, a que António
Nogueira Gonçalves chamou o tardo-gótico
vila-realense.
À semelhança do que se passou em outras regiões do Norte do
País, onde o Gótico teve grandes dificuldades para se impôr como linguagem artística
dominante, também a Igreja de São
Domingos possui características ainda vincadamente românicas, não obstante
a cronologia avançada da obra.
A extrema robustez dos seus muros ou a escassa iluminação do
interior são elementos conotados com o Românico que se prolongaram ao longo de
toda a Baixa Idade Média no Norte do reino, formando um grupo artístico bem
diferente do que então se alcançou no Centro e no Sul do território nacional.
Muito tempo passou antes que o templo dominicano albergasse
a sede da Diocese, só muito recentemente criada (1922).
No século XVI, no reinado de D. Manuel I, procedeu-se a uma
primeira remodelação do convento, como o prova uma porta encimada pela esfera
armilar.
Bastante mais vastas foram as obras do século XVIII, altura
em que se substituiu a primitiva cabeceira gótica, em benefício de uma mais
ampla, mais profunda, e mais moderna estrutura, profusamente iluminada (através
de janelões nas paredes laterais).
Deste mesmo período
barroco é a torre sineira (1742).
A extinção das Ordens
Religiosas, em 1834, significou a decadência do convento.
Alvo de um violento incêndio em 1837, que destruiu grande
parte do recheio, só viria a ser restaurado nas décadas de 30 a 50 do século
XX, altura em que foi colocado o actual retábulo-mor,
obra maneirista do Convento de Odivelas.
Já no século XXI, O IPPAR promoveu um projeto convidando o pintor
João Vieira a efectuar um conjunto de vitrais para o edifício.
O resultado foi uma composição inspirada no prólogo do Evangelho Segundo São João integrada na
estrutura medieval do edifício.
Mais recentemente, a Sé
Catedral de Vila Real foi enriquecida com o monumental órgão sinfónico construído pela Família de organeiros italianos Vincenzo
Mascioni e inaugurado no dia 20 de Abril de 2016.
Gratos pela vossa visita."
Fonte do texto: Folheto existente junto à entrada lateral da
Sé de Vila Real (editado)