Capela de Santo António – já não existe em Vila Real!
Capela de Santo António, no Pioledo, demolida em 1953 |
Esta
capela, feita por devoção do povo, foi edificada no Monte Calvário [Pioledo],
no ano de 1535, próxima da ermida de S. Sebastião, para o lado Poente.
As paredes
da ermida eram azulejadas e tinha três altares com os altares dourados,
dedicados a Santo António, a Nossa Senhora do Pilar e
a S. Vicente Ferrer.
O tecto
era forrado com painéis onde estavam pintadas representações dos milagres de
Santo António.
Os
estatutos da Irmandade de Santo António foram confirmados em
1675.
Na capela
havia festejos no dia 13 de Junho, em honra do Padroeiro, com
grande festividade e asseio, “mas com maior grandeza desde o ano de 1700 a
esta parte o festeja o morgado de S. Brás, Martim Teixeira Coelho e depois seu
filho primogénito, Gonçalo Luís Teixeira Coelho de Melo".
Tendo
desaparecido os estatutos da Confraria de Santo António, o novo
código foi confirmado
a 31 de Agosto de 1748.
O Morgado
de Mateus, D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, foi
governador e capitão-general da Capitania de S. Paulo, no Brasil.
A residir
em Mateus desde 1777, doou à capela de Santo António várias
relíquias de santos e instituiu um dote para manutenção do capelão, com
obrigação de lhe rezar uma missa diária.
Exercendo
o cargo de mordomo da Confraria de Santo António, no biénio
1790/91, ofereceu vinte e oito telas pintadas a óleo representando cenas da
vida e milagres do Santo.
Estas
telas vieram expressamente de Roma, para substituir as que decoravam os
caixotões do tecto e estavam arruinadas.
Após a
demolição da ermida, em 1953 (ver nota abaixo), as telas estão a guarda da Diocese de Vila Real.
Para
remediar os prejuízos que a capela de Santo António sofria durante as festas do
santo, o
pároco de S. Pedro, Rev. António José Pereira de Brito, solicitou ajuda à
rainha que, por alvará
de 16 de Dezembro de 1790, autorizou a instalação de barracas junto do templo,
"revertendo
para o santo o respectivo rendimento"
Pela
leitura do inventário, efectuado em 11 de Setembro de 1912, sabemos que tinha
capela-mor, com o altar pintado e dourado.
Do lado
esquerdo via-se a imagem do padroeiro com o Menino na mão esquerda e uma cruz
na outra. Do outro lado, estava a imagem de S. Vicente.
Dos lados
viam-se dois quadros representando Santo António e alguns
ex-votos, em memória
de milagres realizados.
No coro
existia um púlpito e um realejo.
As paredes eram cobertas de azulejos e o guarda-vento envidraçado.
Do lado esquerdo,
ficava o altar de S. Sebastião. Do outro, o altar com oratório
envidraçado que resguardava a imagem de Nª Senhora do Pilar,
ladeado pelas estatuetas de S. Vicente e dos Reis
Magos.
Na
sacristia estava um painel de lona com uma pintura, representando S.
Sebastião. (1)
(Cliché de M. Monteiro - Edição da Ourivesaria Soares) Reedição dos Serviços Municipais de Cultura / Junho 96 |
Nota:
Na reunião da Câmara Municipal de Vila Real, realizada no dia 7 de Dezembro de 1952, foi deliberado:
"16º - Pedir, a quem de direito, a transferência da propriedade da Capela de Sto António para esta Câmara Municipal, que ameaça ruína iminente com grave prejuízo para a segurança pública, a fim de ser apeada e reconstruída no Bairro de São Vicente de Paulo, visto tratar-se de uma capela que, pelos seus painéis e azulejos, representa valor, de certo modo, apreciável, no património artístico do concelho, que à Câmara compete defender e conservar." /AMVR / Atas da Câmara Municipal de Vila Real).
Infelizmente, tal não veio a acontecer, e Vila Real perdeu mais um monumento!
(1) in “Monografia do Concelho de Vila Real”, Júlio António Borges (texto editado) | Imagem de destaque: “Vila Real”, Correia de Azevedo