D. João Evangelista de Lima Vidal, o primeiro Bispo da Diocese de Vila Real
D. João Evangelista de Lima VidalPrimeiro Bispo da Diocese de Vila Real(ao tempo, Bispo de Angola e Congo) |
Com os olhos postos no futuro e, a partir da terra onde foi o primeiro bispo, recordamos a figura de D. João Evangelista.
Ao evocarmos a sua vida, poderíamos enumerar muitos pormenores. Deixamos,
apenas e só, a recordação da sua passagem por esta diocese de Trás-os-Montes.
Nasceu em 02 de abril de 1874, no sítio de Vera-Cruz, freguesia da cidade
de Aveiro.
Foi ordenado sacerdote, depois de ter concluído os estudos na Pontifícia
Universidade Gregoriana em Roma, a 19 de dezembro de 1896.
A elevação ao episcopado acontece passados treze anos sobre esta data.
Sendo-lhe destacado o serviço pastoral na Diocese Ultramarina vacante de Angola
e Congo, parte quase de imediato. Foi um verdadeiro bispo missionário, com tudo
o que isto significa, de agosto de 1909 a dezembro de 1915.
Depois de exsolvido desta diocese foi preconizado Arcebispo de Mitilene e
passou a assumir as funções de vigário geral do Patriarcado de Lisboa. No
início da década de 20, ocupou ainda o cargo de Procurador-geral das Missões do
Clero Secular.
Foi este, em linhas muito gerais, o percurso de D. João Evangelista antes
de ser assinada e publicada a bula pontifícia da sua nomeação para desempenhar
o papel de primeiro bispo da Diocese de Vila Real.
A sua entrada ocorreu a 24 de outubro de 1923. D. João esteve à frente
dos destinos da diocese vila-realense durante uma década, de 1923 a 1933.
Por onde passou e em tudo o que fez pôs sempre, em primeiro lugar, o amor
a Deus e aos homens. A prová-lo temos a obra que realizou.
É da sua autoria o primeiro boletim eclesiástico. O Anjo da Diocese,
assim se chamava, era para o Arcebispo-bispo o meio mais eficaz para difundir a
boa doutrina.
Em 1923 lançou a semente da obra diocesana Sopa dos Pobres,
que desempenhou um papel preeminente na década seguinte, marcada pela crise
económica mundial.
Em 1925, criou um patronato para acolher e cuidar da educação de meninas
pobres e desprotegidas, que levou o nome Florinhas da Neve.
No âmbito da instrução religiosa, dedicou-se com especial carinho à
catequese das crianças. É durante o seu governo diocesano que é elaborado o Estatuto
da Associação da Catequese na Diocese de Vila Real.
Ainda no ano de 1925, promove o Congresso da Catequese.
No ano seguinte, um outro, desta vez, o I Congresso Litúrgico
Português! Da sua multifacetada história ressalta a sua intensa ação
pastoral e a sua profícua atividade caritativa e social.
Mas a sua memória ficaria agrafada aos transmontanos por via do Seminário. Ao seu múnus se deve o início da construção desta magnânima obra, inaugurada a 24 de outubro de 1930.
Como reconhecimento do seu percurso tentemos imitá-lo, nem que seja no
grande desafio que nos lança o lema episcopal por si adotado: «Filhinhos,
amai-vos uns aos outros».
Cláudia Pires
Antigo bispo de Angola e actual vigário do patriarcado, que vai ser nomeado prelado da nova diocese de Vila Real de Trás-os-Montes.("Ilustração Portuguesa" - nº881 - 6 de Janeiro de 1923) |