A Arte da Talha em Vila Real – Igreja de Constantim
Igreja de Constantim
O cronograma de 1726 inscrito no entablamento do portal principal referência os elementos arquitectónicos presentes em muitas igrejas da região deste tempo: jambas apilastradas, frontão quebrado com nicho e imagens no seu ático (foto acima).
Ladeado por duas janelas encimadas por frontão triangular e uma cornija donde arranca um corpo de forma triangular que remata a frontaria principal, no eixo da composição repete-se a prática de colocação de outra imagem sagrada (foto abaixo).
Esta frontaria
é complementada para o lado da epístola por uma sineira com dois olhais que se
desenvolve sobre um corpo arqueado.
No lado do evangelho destaque-se em avanço frontal e relativamente ao plano da fachada restos de capela medieva em cujo interior se guardam em cofre de madeira as relíquias de S. Frutuoso (foto abaixo) (santo local do século XI).
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Santa Cabeça |
Na capela
evidencia-se o retábulo composto por dois corpos sendo que o superior ainda
permanece relacionado com as práticas seguidas pelos entalhadores durante o século
XVII como se vê pela presença de alguns quartelões a par com a definição de
campos onde a obra de escultura tem ainda força (foto abaixo) e produziu painéis
com personalidade própria.
No corpo
principal que ladeia o crucificado definem-se colunas emparelhadas intercaladas
por pilastras estriadas enquadrando sobre fortes mísulas o espaço para a
colocação das imagens à veneração dos fiéis.
Em paralelo com
o esmerado trabalho da talha evidencia-se nesta máquina um corpo poligonal com as esquinas sublinhadas por colunas e que tem a curiosidade de
conter um sacrário rotativo em cujas faces estão representados quatro momentos
da vida [Paixão] de Cristo (fotos abaixo).
Dada a
proeminência que nos séculos do Barroco alcançou o culto ou as confrarias das
almas, não é de estranhar a presença no corpo desta igreja de um retábulo em que
um programa de colunas e arquivoltas valorizam e apelam ao culto das almas
(foto abaixo).
Fonte: “A Arte da Talha em Vila Real”, Roger Teixeira Lopes (texto editado e adaptado)
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