Asilo de "Infância Desvalida" – Vila Real
(Antigo "Asilo Distrital Vilarealense de Infância Desvalida" - Sexo Feminino) |
Relativamente a
esta admirável instituição fundada por D. Luís I e inaugurada em 16 de
Setembro de 1865, é interessante transcrever os artigos 1.º, 2.º e 3.º do
Diário do Governo de 27-6-1864, que são do seguinte teor:
«DOM LUIZ,
por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a todos
os nossos súbditos, que as cortes gerais decretaram e nós queremos a lei
seguinte:
Artigo 1.º -
É concedida ao Asilo Vilarealense de primeira infância desvalida o edifício
sito em Vila Real denominado «Das Recolhidas de Nossa Senhora das Dores
pertencente à Fazenda Nacional, menos a parte que for necessária para alimento
da estrada pública.
Art. 2.º - O
edifício a que se refere o artigo 1.º voltará à posse e domínio da Fazenda
Nacional logo que se lhe dê outro destino além daquele para que foi concedido.
Art. 3.° -
Fica revogada a legislação em contrário.
Mandamos
portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da presente
lei pertencer, que a cumpram e guardem e façam cumprir e guardar tão inteiramente
como nela se contém.
O Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda a faça imprimir, publicar e
correr. Dado no Paço da Ajuda, em 27 de Junho de 1864.
El-REI com
rúbrica e guarda. Joaquim Tomaz Lobo d’Avila, lugar do selo grande das armas
reais.»
Este Asilo vive
exclusivamente dos seus sócios benfeitores, em número de 389, entre os quais há
a salientar o sr. Paulino Rocha, grande amigo desta prestimosa Instituição.
Tem 55 crianças
internadas, que nele recolhidas dos 6 para os 7 anos, só saem aos 16 anos.
Quando atingem essa idade, as alunas são entregues à família se se verificar que
esta está em condições de as receber.
Quando não
tenham família alguma, a Direcção encarrega-se de lhes arranjar colocação, voltando
a admiti-las caso se desempreguem, para que a boa educação moral e cristã que
receberam não seja corrompida.
Este asilo comporta
80 crianças, limitando a Direcção a admissão das mesmas, por falta de meios, pois
vive, como já acima se diz, exclusivamente da caridade e não recebe subsídio algum
da Assistência.
Possui uma escola
primaria (oficial), onde as alunas fazem o exame de Instrução Primaria e
estudam lavores, serviços domésticos, culinária e instrução moral e religiosa.
As alunas encarregam-se
de trabalhos em crochet, bainhas abertas, meia, marca, etc, que lhe encomendem.
É digna de
registo a obra notável, o espírito de sacrifício ao serviço da caridade, que
lhe dispensa desde 1916, a Ex.ma Directora srª D. Maria Teresa Peixoto da
Fonseca. Graças ao seu esforço, este Asilo progrediu muito.
Possui uma
magnífica sala de jantar e um dormitório amplo e saudável. Tem duas lindas
varandas envidraçadas onde as crianças, sentadas em compridos bancos, executam
lindos trabalhos em renda, crochet, etc.
Tem ainda este
Asilo um recinto que é, sem dúvida, um lugar aprazível, destinado ao recreio
das internadas, tendo ao centro um tanque com cobertura em telha, e rodeado de
lindas trepadeiras, e ainda uma bonita ramada em volta do recinto.
Quem entrar
neste Asilo, e reparar nas dependências, e no arranjo e asseio de todas elas,
sai maravilhado, pois ele, é sem dúvida, um dos melhores da província.
A actual
Direcção do Asilo de Infância Desvalida é composta pelos srs: Presidente
Major António Manuel da Mota e Costa; Secretário-Armando Augusto Ribeiro; Tesoureiro
- Alberto Teixeira Passos e Vogais - João Pereira Fernandes e Jerónimo Pereira
da Silva.
Fonte: “Concelho
de Vila Real” – Julho de 1943 – Bandeira de Tóro