O rio Tanha fez girar dezenas de mós de moinhos
O rio Tanha
é um rio que, até há bem pouco tempo, se encontrava quase em “estado puro”,
isto é, num elevado estado selvagem numa parte do seu percurso, principalmente
até chegar perto da aldeia de Tanha, na freguesia de Nogueira.
Ele começa a ser
visto na aldeia de Galegos*, freguesia de Vale de Nogueiras,
concelho de Vila Real, e apresenta vários motivos de interesse ao longo do seu
percurso, indo desaguar na margem esquerda do rio Corgo, em Vilarinho de Freires, concelho da Régua.
Nos finais do
séc. XIX e até meados do séc. XX a água do rio Tanha fez girar dezenas de mós
de moinhos que produziram farinha para abastecer a região e em especial o
concelho de Vila Real.
Ao longo da sua extensão, podiam encontrar-se uma grande variedade de
espécies (algumas em vias de extinção), nomeadamente raposas, texugos, pica-peixe, bogas, escalos, barbos,
enguias, trutas, tartarugas dos rios (cágado), cobras aquáticas, milhafres,
garças castanhas, gralhas, corvos, coelhos bravos, javalis, ouriços-cacheiros,
corujas, mochos, pegas e lebres.
Moinhos nas margens do rio Tanha |
Ao longo do curso
do rio Tanha, pode encontrar-se:
- a cascata do Poço do Requeijo, que no
tempo das invasões dos mouros tinha uma passagem secreta por baixo desta
cascata que permitia a fuga dos habitantes do vale para o cimo do monte chamado
Crasto.
- o Poço da
Bomba,
- e, antes da
quinta da Ribeira (que possui uma imponente ponte romana**), pode-se ver o Poço
Sino. Esta designação deve-se ao facto de, em tempos, um carro de bois, que
se deslocava com um sino para uma igreja das imediações, por acidente, ter deixado
cair o respetivo sino neste local de difícil acesso e o sino lá ter ficado
perdido por entre os fraguedos.
Há, ainda, a lenda
do Penteadinho da Gingeira que aparecia nos montes, sem esquecer as bruxas
que tomavam banho em grandes algazarras no Poço do Calhau, como registavam
as frequentes histórias contadas por moleiros.
O rio Tanha foi,
em tempos, tão importante pela atividade “industrial” que permitiu, que muitas
pessoas da terra têm apelidos ou alcunhas de “moleiros”.
Fonte (texto editado e adaptado) | Imagens: Clichés do sr. Manuel Monteiro, da Régua ("Ilustração Portuguesa", nº653, 654 -1918)
* Recebemos informação de que o rio Tanha "nasce" em Lamares.
** Recebemos informação de que esta fonte não é romana, conforme o IPPAR. "Estará porventura edificada numa zona onde houve em tempos uma ponte romana."
Sugestões: