Avenida Dom Dinis e Bairro da Boavista | Conjuntos Urbanos de Vila Real
Ao apresentar
em 1938 o projeto do Bairro Novo da Cidade, à Boavista, do Engº Manuel da
Costa Pinto Barreto, a Câmara Municipal materializa simultaneamente uma ideia
de 1904, de António Rodrigues Romualdo (avenida do Pioledo a Montezelos)
e propõe, pela primeira vez, uma expansão planeada.
Mas só com o Anteplano
Geral de Urbanização, do Arq. João António de Aguiar (em três versões, entre o
final da década de 1940 e meados da década de 1960), se consolida o carácter
homogéneo desta zona norte.
Num compromisso
entre o voluntarismo moderno, o conforto da cidade-jardim e a marca monumental
do Estado Novo (que na área construiu a Cadeia, de Cottinelli Telmo, em 1941,
e o Quartel do RI 13 em 1952, este de António Lino), o desenho urbano
fixa o eixo Avenida Dom Dinis (entre o Mercado, a Escola
Comercial e Industrial e a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da
Conceição), estruturando de um e outro lado núcleos residenciais novos para
as classes burguesas e liberais.
A nascente
(anos 40 a 60), o traçado é mais pitoresco, com ruas arborizadas, acolhendo moradias
unifamiliares, ao gosto "casa portuguesa" (Avenida Dom Dinis), art déco ou moderno anos 50 (Rua de Santo António, de Fernando Mesquita).
Para poente
(anos 50 a 70), o traçado é mais racional, sendo relevante as expressões moderno
anos 50 e moderno anos 60, quer em moradias (Rua Rodrigo Álvares,
de António Teixeira Ferreira, e Rua Dom Afonso III, de
Carlos Santelmo Gomes), quer na inédita banda contínua de iniciativa municipal
(Rua Santo Condestável, de Carlos Santelmo Gomes) ou em blocos de
habitação coletiva de cércea baixa (Rua Morgado de Mateus, também de Carlos Santelmo Gomes).
A rotunda
"beaux arts" do projeto de 1938, transforma-se num jardim de
bairro, abstrato, com um projeto pioneiro de paisagismo de Marques de Aguiar e Ilídio
de Araújo (Arq. Paisagista), integrando a estátua do navegador Diogo Cão
(1954-1958) pelo escultor académico-modernista Canto da Maia.
A zona
envolvente da igreja e a Rua de Santa Iria (anos 80 e 90) densifica-se e
inclui comércio e serviços, transformando decisivamente o carácter de
tranquilidade residencial do plano de João António de Aguiar em zona mista,
alternativa ao centro tradicional.
Nota: os
números referidos dizem respeito a localizações indicadas no “mapa”
Fonte: “Mapa de
Arquitetura – Vila Real”