Sobre a benemérita vila-realense: D. Margarida Augusta Chaves
Na falta duma imagem da benemérita D. Margarida Chaves, uma placa toponímica! |
Subsídios
históricos para um melhor conhecimento de D. Margarida Chaves, do arquivo do Dr. Lourenço
Camilo Costa (com autorização dos
familiares):
D. Margarida Chaves, - Chave d’ouro deste tópico
Sendo
natural desta vila, viveu largos anos em Lisboa, na companhia de seu irmão Luís
Augusto Chaves, capitalista que, falecendo solteiro, lhe deixou a maior parte
da sua fortuna.
Tantos
anos esteve ausente desta vila a boa senhora que, regressando a ela por morte
do seu irmão, já em Vila Real ninguém conhecia.
Faleceu
também solteira, como seu irmão e irmãs, provou porém que, apesar da longa
ausência, nunca esqueceu, antes muito amou sempre a sua terra natal, pois lhe
legou em inscrições oitenta contos de réis, para nela se fundar um Asilo, que
está prestes a inaugurar-se com o título de Asilo Chaves, no palacete de S.
Jacinto, que foi de Gonçalo Christovam e que a benemérita comissão, encarregada
de cumprir o legado, comprou em hasta publica, para aquele fim, por quatro
contos de réis. (a) (ver folha 3)
Sentimos
que os nossos apontamentos sejam tão escassos neste ponto.
Deus tenha em bom lugar a benemérita senhora.
(a) Comprada ao Doutor Jerónimo Amaral.
In
“Portugal Antigo e Moderno” de Pinho Leal.
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In O POVO
DO NORTE – Domingo, 27 de Março de 1892.
Asilo-Chaves
Com o fim
de colher elementos para a liquidação da herança que Madame Carvalho legou ao
Asilo-Chaves desta vila, partiu na quarta-feira para Chaves o secretário da
direcção desta casa de beneficência, sr. dr. Albano Baptista de Souza.
(Nota –
Madame Carvalho de[ve] ser D. Isabel de Carvalho, benemérita de Vila Real, onde
existe uma rua com o seu nome)
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Extrato da
“Acta da Comissão administrativa do Azylo Amparo do N. S. das Dores”, de 26 de
Novembro de 1885:
“(…) No
mesmo acto propôs o prezidente que se mandasse tirar o retrato da instituidora
D. Margarida Chaves e comparecendo o artista João Ribeiro foi este incumbido de
tirar o dito retrato sendo justo pela quantia de quarenta e cinco mil reis
45$000 exepto a moldura que devia mandarsse vir do Porto e ser paga em
separado. (…)”
Segundo
Pinho Leal, in PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, 11º vol., p. 1037:
“A casa de
S. Jacinto, que foi de Gonçalo Chrystovam, na rua das Flores, - hoje Asilo
Chaves, do Amparo de Nossa Senhora das Dores, fundado com 80 contos de réis, em
inscrições da benemérita vila-realense D. Margarida Augusta Chaves, como já
dissemos.
Na sala
nobre do mencionado Asilo se vê o retrato da fundadora, vistoso trabalho a óleo
sobre tela, devido ao pincel de João Augusto Ribeiro, laureado aluno da
Academia Portuense de Belas Artes. Tem a data de 1886.
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Livro das
actas das sessões da Câmara Municipal de Vila Real, desde 30 de Junho de 1887 a
Setembro de 1890, fl 78:
Sessão 23
de Fevereiro de 1888.
(…) Já
pela carta de lei de 23 de julho de 1835 foi isento da contribuição de registo
o legado de 2:000$000 réis, que a D. Margarida Chaves em seu testamento deixou
para a edificação d’um albergue nocturno; e pela Carta de Lei de 24 de maio de
1884, também foi isento o pagamento de contribuição de registo o legado de
60:000$000 réis, que a D. Rita d’Assis de Souza Vaz, deixou em testamento para
serem os seus rendimentos administrados pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Isto além d’outros exemplos. (…)
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Livro de
actas das sessões da Câmara Municipal de Vila Real, desde 16 de Dezembro de
1885 até 23 de Junho de 1887, fls. 18-verso a 20
“Sessão
ordinária de 13 de janeiro de 1886
Resoluções
(fl. 20)
Pelo Vice
Presidente Thomáz António Rodrigues Martins, foi dito que tendo fallecido á
annos na Cidade de Lisboa D. Margarida Augusta Chaves, natural d’esta Villa,
com testamento, em que legou a maxima parte da sua fortuna para ser instituído
n’esta localidade um Asylo para pobres entravados, denominado = Amparo de Nossa
Senhora das Dores = revelando assim a benemérita bemfeitora os seus profundos
sentimentos patrióticos e caritativos para com os habitantes d’esta localidade,
e sendo certo que o alludido estabelecimento vae ser installado na rua das
Flores, na qual nasceu a caridosa instituidora; propunha que esta camara, em
testemunho de reconhecimento e gratidão para com a fallecida, e tendo em vista
perpetuar o seo nome na localidade em que nasceo, fosse substituído o nome da
rua das Flores, pelo de = Rua de D. Margarida Chaves =. A camara approvou
unanimamente esta proposta, e deliberou que se mande fazer a alteração nos
respetivos letreiros d’aquella rua, como assim lhe é permittido pelo nº 28 do
artigo 103 do código administrativo.”
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Ibidem,
fls. 69-verso a 72
“Acta da
sessão de 28 de julho de 1886
Requerimentos:
(…) Um do
Presidente da Comissão Administrativa do Azilo do amparo de Nossa Senhora das
Dores = pedindo licença para abrir uns portaes n’uma casa que possue o mesmo
azilo na rua D. Margarida Chaves, = conforme a planta junta. Resolveo que fosse
informar ao engenheiro.”
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Sessão de
8 d’abril de 1896 (fls. 14 e 15 do livro de actas da Camâra Municipal de Vila
Real-1896 a 1898)
-
Requerimentos –
Outro do
Dr. João António Cardoso Baptista, na qualidade de secretário do Asylo, Amparo
de Nossa Sra. das Dores, pedindo a approvação da planta para redificação do
edifício do mesmo Asylo. – Deliberou a Camara approvar a referida planta,
sujeitando-se o alinhamento e cotas de nível que lhe forem indicadas pelo
empregado technico respectivo.
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“Escriptura
de venda e de constituição d hypotheca”, dos prédios sitos na antiga Rua das
Flores que serviram para a instalação do “Asilo Amparo de Nossa Senhora das
Dores”.
“Saibam
quantos esta escriptura de venda e de constituição de hypotheca virem que no
anno do nascimento do Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos oitenta e
seis, aos dous dias do mez de fevereiro, nesta Villa Real, Largo do Chafariz e
no meu escriptorio compareceram, como primeiro outorgante vendedor Doutor
Jerónimo Teixeira de Figueiredo e Amaral e como segundos outorgantes
compradores Padre Francisco José Moreira de Carvalho, Padre Joaquim José
Ignácio Teixeira, Doutor Albano Baptista de Souza, Sebastião José Claro,
casados, Thomás António Rodrigues Martins, viúvo, José Cardozo Rebello e
Menezes, solteiro e José Narcizo de Meirelles Marques, casado, o primeiro
presidente, o segundo secretário, o terceiro thesoureiro e os outros vogáes da
commissão administradora do asylo “Amparo de Nossa Senhora das Dores”, com a
sua sede nesta villa, (…). E pelo primeiro outorgante Doutor Jerónimo Teixeira
de Figueiredo e Amaral na presença das duas testemunhas idóneas adeante
nomeadas e no fim assignadas foi dito: Que é senhor e possuidor legitimo das
duas moradas de casas telhadas e sobradadas com cocheiras, quintal e três poços
d’agua, na rua das Flores, freguesia de São Pedro, desta villa, que formam um
prédio perfeito, que partem no nascente com o Doutor Augusto Guilherme de
Souza, do poente com a rua das Flores, do norte com o Largo do Piolêdo e do sul
com a rua de São Jacintho; Que este prédio é livre e allodial e não pezam sobre
elle encargos alguns registrados; Que ‘nestas circunstancias podendo livremente
dispor deste prédio com todas as suas servidões activas e logradouros e sem
encargo algum registrado, o vende desde hoje para sempre ao Asylo Amparo Nossa
Senhora das Dores, com a sua sede nesta villa, representado pelos segundos
outorgantes pela quantia de quatro contos e quinhentos mil réis, que lhe deverá
ser paga pela forma que vão declarar os mesmos segundos outorgantes; (…); E
pelos segundos outorgantes na presença das mesmas testemunhas, como
administradores do Asylo Amparo de Nossa Senhora das Dores foi dito: Que
acceitavam a presente escriptura de venda na forma exarada; (…); Que não tendo
actualmente o estabelecimento que representam os meios precisos para pagar o
valor ou o montante do prédio adquirido, resolveram de commum accordo com o
vendedor pagar-lho em vinte pensões semestráes, vencendo, todavia, o capital,
até á solucção da divida o juro de cinco por cento ao anno; Que tendo ajustado
contas do capital e juros a vencer por elle durante o praso de móra,
reconheceram que o mesmo capital, pago pela forma que fica dita, com os juros
de cinco por cento ao anno até a solucção definitiva da divida, montava á
quantia cinco contos sete centos setenta e quatro mil e oito centos reis; Que,
por isso, em nome do já dito estabelecimento “Asylo Amparo de Nossa Senhora das
Dores”, se obrigavam e confessavam devedores ao primeiro outorgante Doutor
Jerónimo Teixeira de Figueiredo e Amaral, da quantia de cinco contos sete
centos setenta e quatro mil e oito centos reis, com a proveniência acima
indicada, que se obrigam a pagar-lhe em dinheiro sonante corrente no paiz
d’ouro e prazo, em vinte prestações semestáes, perfeitamente iguáes, cada uma
do montante de duzentos e oitenta e oito mil setecentos e quarenta reis, com
vencimento, a primeira, no dia primeiro de julho deste anno e a segunda no dia
primeiro de janeiro de mil oitocentos e oitenta e sete, e assim sucessivamente
até à solucção definitiva da divida; Que, feito o pagamento das vinte
prestações, fica a divida extinta; Que para garantia deste credito, e das
condições deste contracto, hypothecam em nome do mesmo estabelecimento todos os
bens delle em geral e em especial o prédio comprado por esta escritura; (…).
(Livro de
Nota nº 133, do tabelião Panteleão Pinto de Carvalho Osório, de 1885 e 1886,
fls. 58 e 59 – Maço nº 92, do Arquivo Distrital de Vila Real)
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Livro de
registo de baptismos da freguesia de São Pedro de Vila Real, de 1808 até 1813,
fls. 26- verso 27:
Margarida
filha legitima de Jozé Fillipe Chaves natural do logar e freguezia de Canaveses
comarca de Chaves deste Arcebispado e de sua mulher Rosa Maria de Almeyda
natural do logar e freguezia de Santa Maria de Afoncim desta comarca; moradores
na rua das Flores desta freguezia de Sam Pedro nepta paterna de Avós incógnitos
e materna nepta de Maria Jose de Almeyda solteyra do ditto logar de Afoncim
nasceo em os vinte sinco dias do mes de Agosto de mil oito centos e oito: Foi
Baptizada Solemnemente e houve os Santos Olleos por mim Coadjutor abaixo
asignado em os dous dias do mes de Setembro do ditto anno: sendo padrinos o
Doutor Sebastiam Jose de Carvalho e sua Thia Antonia Josefa de Carvalho desta
Villa: asistio com sua procuraçam o Doutor Joam Baptista Pereyra Coelho desta
ditta freguezia de que fiz este termo que asignei com o padrinho procurador da
madrinha era ut supra
O
Coadjutor Joam Per.a de Barros Rubiam
Seb.ão J.e
de Carvalho
João
Bapt.a Per.a Coelho … (?)
Nota –
Canaveses é freguesia do concelho de Valpaços; Afonsim é freguesia de Vila
Pouca de Aguiar.
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Livro de
Registo de Baptismos da freguesia de São Pedro de Vila Real, de 1792 até 1802,
fls. 137-verso e 138:
Luis filho
legitimo de Jose Filipe Chaves natural do lugar e freguezia de Nossa Senhora da
Expectação de Canavezes comarca de Chaves, e de sua mulher Roza Maria de
Almeida natural do lugar e freguezia de Nossa Senhora de Afonçim de Aguiar
desta comarca, nepto Paterno de Avós incógnitos, e materno de Maria Joze de
Almeida Solteira natural da dita freguezia de Afoncim, nasceo aos trinta dias
do mes de Abril de mil sete centos e noventa e seis, foi baptizado
Solemnemente, e houve os Santos Oleos por mim o Coadjutor abaixo asignado em os
seis dias dos mes de Mayo do dito anno, sendo Padrinhos Luis da Cunha Leite
Pereyra Fidalgo e sua Magestade, a sua mulher donna Anna Emerenciana de
Vasconcellos naturaes da Villa de Provezende, e asistio com procuração da
Madrinha o Reverendo António Jose Peryra de Brito Parocho desta matriz Igreja
de que fis este termo que com o Padrinho, e procurador da Madrinha era ut supra
o
Coadjutor Jose de Meyrelles Ferr.a
Luis da
Cunha Leite Pr.a
Parº
Antonio Jose Per.a de Britto
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Livro de
registo de baptismos da freguesia de São Pedro de Vila Real, de 1792 até 1802,
fl. 229:
Ilena
filha legitima de Joze Filipe Chaves natural do lugar, e freguezia de Canavezes
Comarca de Chaves, e sua mulher Roza Maria de Almeida natural da freguesia de
Afonsim desta comarca de Villa Real, e de prezente moradores na Rua das Flores
desta freguezia de Sam Pedro de Villa nepta paterna de Pays incógnitos, e
materna nepta de Maria Joze de Almeida natural da sobredita freguezia de
Afonsim nasceo em dia quinze do mês de Agosto deste prezente anno de mil
setecentos e noventa, e oito, e foi baptizado solemnemente, e houve os Santos
olleos por mim o Parocho desta Igreja abaixo asignado em dia vinte e hum do
sobredito mes e era supra sendo Padrinho Alexandre de Lemos Teyxeira asitente
em Villa Marim de Mezon Frio asistio com sua procuraçam o Doutor Manoel da
Sylva Dias desta freguezia e madrinha Dona Ilena Umbelina de Lemos e
Vasconcellos Solteira filha do Padrinho asistio com sua procuração o Doutor
Joaquim Jose Teixeyra Villaça Bacellar desta freguezia de que fis este termo
que asignei com os procuradores dos Padrinhos era ut supra
(seguem-se
as assinaturas)
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Livro de
registo de baptismos da freguesia de São Pedro de Vila Real, de 1802 até 1808,
fl. 19:
Barbara
filha legitima de Jose Filipe Chaves natural do lugar de Cadouço freguezia de
Nossa Senhora da Expetaçam de Canavezes Comarca de Chaves Arcebispado de Braga
e de sua mulher Roza Maria de Almeida natural do lugar e freguezia de Sancta
Maria de Afoncim e asistentes na Rua das Flores desta Villa e freguezia de Sam
Pedro nepta Paterna de Avós incógnitos e pella Materna Nepta de Maria Jose de
Almeida Solteira natural do dito lugar e freguezia de Afoncim, Nasceo em o dia
vinte e três do mes de Março deste prezente anno de mil oito centos e três, e
foi Baptizada solemnemente e houve os Sanctos Olleos por mim o Coadjutor desta
Igreja abaixo asignado em o dia vinte oito do dito mes e anno sendo seos
Padrinhos o Doutor Jose Joaquim de Almeida Araujo Correa de Lacerda e Madrinha
Donna Barbara Cazemira Pereira da Silva Pinto Juis de Fora de Barcellos e
asesteo por suas Procuraçoens Antonio Jose de Azevedo Pinto e sua mulher Maria
Jose Bernarda Borges e por procuraçam da Madrinha asestio Mathias Jose Marques
solteiro desta villa e freguezia todos elles de que para constar fis este termo
que asignei com os Padrinhos era ut supra
(seguem-se
as assinaturas)