Idílios aos Amores de Verão, no Rio Corgo
Idílio aos Amores de Verão, no Rio Corgo
Na margem
direita do rio Corgo, certa tarde,
Com farnel e cana de pesca me tentava recrear…
Mas avistei linda “sereia” debruçada a lavar,
E dela me acerquei de mansinho, sem alarde!
Era um
dia de calor, daqueles que tudo arde…
Sentei-me numa laje junto à moça, a prosear…
E ao ver-lhe entre a blusa os nus limões a saltitar…
Imaginei-a, qual Bardot, num filme erótico de Godard!
Lembro
uma perfeita Vénus mui gentil, pele sedosa…
Da veste branca, entre a água, a nudez lhe transparecia…
Qual formosa visão! Doce oferta dos altos céus!
Não esquecerei, jamais, aquela bela pescaria…
Nem aquela santa dádiva tão maravilhosa,
Que nessa tarde desfrutámos, para gáudios meus!
Alfredo Martins Guedes (Aveiro – Jardim
Calouste Gulbenkian - 01 de Setembro 2020)
Imagem: Na margem do rio Corgo (cliché do distinto fotógrafo amador sr. Miguel Monteiro, de Vila Real). Ilustração Portugueza, II Série, nº692 - 26 de Maio de 1919