O pintor Heitor Cramez nasceu em S. Dinis - Vila Real

O pintor Heitor Cramez

"O pintor Heitor Cramez nasceu em Vila Real.

Esta indicação não desce do bico da minha caneta para ter o valor duma indicação de certidão de idade.

É bastante diferente... Vila Real, a clarabóia do Marão, o último degrau da serra que embarra com a cabeleira dos seus pinheiros no céu, tem, na vida artística de Cramez, o aspecto duma janela, aberta e muito ampla.

Os olhos de Heitor Cramez sonharam, debruçados na larga janela da sua terra, com as grandes distâncias espirituais; dos peitoris dessa janela que é uma linda cidade, fitaram, inquietos, o nevoeiro, sempre diferente e sempre eterno, que veste de seda cinzenta, muito transparente, todo o dorso do Marão.

E, foi olhando essa névoa misteriosa, permanente, que seus olhos tiveram apetites, desejos, saídos da sua alma, de ser pintor!

Cramez chegou, apareceu, então, na Escola de Belas Artes do Porto, com uma interminável bagagem de esperanças. Estudou. Aprendeu, sem faltas, sem descuidos, como se descuidos, como se costuma aprender, entusiasticamente, quando, dentro da alma, há um grande farol de Fé.

O seu entusiasmo saltou por cima de todos os obstáculos.

Chegou pela tenacidade, até ao ponto mais alto, alcançou o diploma difícil, que é ambição de todos os alunos das escolas de Belas Artes: a classificação de pensionista do Estado - o bilhete da felicidade, a sorte grande de Paris e Roma!(...)

É um homem pequeno que tem, contudo, a coragem de ser um grande artista.(...)

Fala pouco. Evita falar de si. E, raramente, fala da sua arte. As suas palavras parecem fechadas,- por modéstia, decerto - no subterrâneo das suas preocupações.(...)

Declaro, desde já, que este pintor é, de entre todos os paisagistas portugueses, o que mais novos horizontes está a abrir à nossa pintura.(...)"

Guedes de Amorim

Fonte: "Ilustração" - nº81 - 1 de Maio de 1929

Nota

Heitor Cramez, filho de José Cramez e de Vicência Augusta dos Prazeres, nasceu na freguesia de S. Dinis, Vila Real, a 1 de Dezembro de 1889.

Integrou a Comissão Municipal de Arte e Arqueologia, nomeada na sessão da Comissão Administrativa de Câmara Municipal de Vila Real, realizada no dia 21 de Janeiro de 1938, "nos termos do artigo 97 do Código Administrativo", e da qual também faziam parte: "Presidência capitão João Carlos Basto ??, vogaes Padre Filipe Corrêa de Mesquita Borges, dr. Júlio António Teixeira e engenheiro José de Mesquita Borges."

Morreu em Mira, Coimbra, em 30 de Agosto de 1967.

O retrato da esposa do pintor


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