Museu Etnográfico da Província de Trás-os-Montes e Alto Douro
No vasto e bem elaborado
programa das festas centenárias designado pela Comissão Central de Lisboa,
programa que esta bastantes esforços fez para que se realizasse, estava o Museu
Etnográfico da cidade de Vila Real, melhoramento que ficaria para a
posteridade como um monumento de cultura popular, e que seria adstrito à
respectiva Junta Provincial.
Inaugurado no terceiro dia das festas
comemorativas do Duplo Centenário, em 14 de Julho de 1940, pelas 16 horas,
na presença das mais altas individualidades da província de Trás-os-Montes e
Alto-Douro, o Museu ficou seguidamente patente ao público que em massa
acorreu ao importante certame, enchendo por completo as suas interessantes
salas.
O Sr. Coronel de Infantaria,
Manuel Frutuoso de Carvalho, que fazia parte da Comissão Executiva das
festas centenárias, da Província de Trás-os-Montes e Alto-Douro, foi
por ela encarregado do plano de organização do Museu, ficando à sua inteira
disposição, para tal empreendimento, a verba de 50.000$ que não foi, porém,
suficiente, visto que o Museu importou na quantia de 63.583$oo.
O Snr. Coronel Manuel Frutuoso
de Carvalho, constituiu uma sub-comissão, por ele presidida, e composta pelos
srs. Dr. Aníbal Catarino Nunes, Guilhermino Gomes e Alberto Teixeira Passos,
este último desempenhando as funções de secretário-tesoureiro.
Passou-se quase todo o ano de
1939 na espectativa de se conseguir um edifício apropriado para a instalação do
Museu Etnográfico, pensando-se, até, proceder-se à sua construção em
terreno que a Câmara Municipal, para esse fim, oferecia.
Não havendo possibilidade de
ser aumentada a verba destinada ao Museu, e não se conseguindo obter um edifício
apropriado para a sua instalação, este número do programa das Festas Centenárias
chegou a ser posto de parte, até que, por alturas do fim daquele ano, vagou o
prédio onde o Museu se encontra agora instalado, na Rua do Rossio.
Após o respectivo arrendamento procedeu-se imediatamente à elaboração do projecto para a realização do Museu Etnográfico, para o que existiam somente algumas ideias directivas da autoria do Snr. Dr. Luís Chaves, membro da Comissão das Festas Centenárias, e a ignorância de todos os membros da subcomissão acerca do assunto, os quais muito pouco ou nada sabiam de etnografia além do significado da palavra, pois nunca haviam visitado qualquer Museu deste género.
Fonte: “Concelho de Vila Real”, Bandeira de Tóro, 1943 (texto editado)