A Estátua de Vila Real
“A 27 de Novembro de
1755, o mestre Matias Lourenço de Matos arrematou a obra de decoração dos arcos
da galeria, no Campo do Tabulado, com a edificação de um soco e uma
peanha sobre qual colocaram uma estátua, com a imagem de uma mulher, vestida de
guerreiro, com elmo e empunhando uma lança e escudo.
A elaboração da
escultura, simbolizando Vila Real, foi arrematada em 3 de Setembro de 1755,
por António de Nogueira, mestre estatuário, do Minho. (1)
Ao mesmo tempo
foi adjudicada a elaboração da imagem de Nossa Senhora da Conceição, que
seria aplicada na Fonte de S. Francisco, ou Fonte Joanina, na Carreira
de Baixo, construída entre 1738 e 1739.
No pedestal da
estátua havia uma inscrição que dizia: "O nome de Vila Real que tenho
conquistei-o com grande esforço. Não queiras títulos reais obtidos de outra
forma". (2)
Segundo a
tradição, foi sob os olhares desta estátua que, na época das invasões
francesas, se formou o Batalhão de Caçadores n.° 3, baptizado de “Batalhão
de la Muerte" pelos espanhóis.
Em Novembro de
1884, a estátua foi apeada e demolidos os arcos para a construção do mercado
fechado, inaugurado em 1885.
As armas reais
e a legenda, esculpidas no pedestal desapareceram, sendo desfeitos para calcetamentos.
No ano de 1894,
transferiram-na para a fonte, no Jardim da Carreira.
Em 1916, foi retirada
e levada para os Paços do Concelho, sendo colocada sobre a fachada.” (3)
Notas (cfr D. Lourenço Costa):
(1) A Câmara de Vila Real deliberou fazer esta estátua em 1749.
(2) Texto original inscrito no pedestal da estátua: "QUOD REGALE NOMEN GERO MIHI RUBORE PARTU EST REGIA NOM ALITER NOMINA PARTA GERAS"
A estátua simbólica de Vila Real
"Esta estátua,
que outrora estava ao centro dos arcos do Tabolado, depois, pela demolição
destes, mudada para o tipo da fonte do Jardim da Carreira e há anos colocada
nos Paços do Concelho, se não tem a recomendá-la primor escultural nem as
dimensões precisas para naquela altura sortir o efeito que era necessário, tem
o merecimento de lhe estarem ligadas seculares tradições.
Pena é que o
brasão das armas portuguesas e lápide que lhe estavam na base do pedestal
fossem britadas para calcetamento.
Foi debaixo da
arcada que ela encimava, que formou o batalhão de caçadores nº 3, a que os
espanhóis chamaram batalhão «de la muerte»,
quando dali seguiu para se incorporar nas forças que escorraçaram as do Corso,
fazendo tais prodígios, que levaram a dizer a esse «precursor» do Kaiser, que
«conquistaria o mundo inteiro se dispusesse de um punhado de soldados
portugueses».
Épocas depois,
conforme os ventos corriam favoráveis a esta ou àquela fação política, o
entusiasmo partidário pintava-a de vermelho, laranja ou azul, chagando mesmo a
ser dourada.
E aqui está um bocadinho de «história antiga», que nem todos os nossos conterrâneos talvez conheçam." (4)
Estátua de "Vila Real", colocada sobre a fachada do edifício dos Paços do Concelho de Vila Real |
Fontes:
(3) “Monografia
do Concelho de Vila Real”, Júlio António Borges (texto editado) | Imagem: Fotografia de José
Zeferino Teixeira, edição de Duarte Rufino Teixeira & Irmão, Vila Real,
1916 (Fototipia) – Serviços Municipais de Cultura, Museu de Vila Real, 2002 –
Coleção de Elísio Amaral Neves
(4) "O Vilarealense", 16/10/1947 (texto editado)