Conserto do relógio da Capela Nova, e não só, no séc. XIX

O relógio da Capela Nova, sem ponteiros!

«... Nesta [Câmara], sendo convocados a Nobreza e o Povo, por pregão público, para responderem ao requerimento que fizeram o Presidente e Oficiais da Mesa da Irmandade dos Clérigos de S. Paulo, desta Vila, para se consertar o relógio público que se acha posto na sua Igreja, no que se deve dispender duzentos mil reis, além de quarenta anuais para o ordenado do que tratar do relógio, pois que o presente salário de três mil reis não é suficiente nos tempos actuais, foi por todos unánimemente respondido que o relógio de que se pede o conserto é muito velho e incapaz, com uma pequena campainha que mal se ouve em pequena distância, e que sendo esta Vila de uma povoação de mais de seis mil almas e a mais notável da Província é preciso que ela tenha um relógio público capaz e bem situado, que se ouça em toda ela, pois que os dois relógios dos conventos de S. Domingos e S. Francisco estão situados nas extremidades da Vila e pouco se ouvem, e que, por isso, se deve pedir a S. A. R. se digne mandar que a Câmara, pelos sobejos das sisas, faça construir um relógio novo, de boa fábrica, com quartos e horas, o qual seja posto na Paroquial Igreja de S. Pedro, em uma das torres que se acha sem sinos, não só porque esta fica mais elevada e central, não havendo torre na Igreja dos recorrentes, mas também porque a Igreja de S. Pedro é uma freguesia da Vila cujos moradores tinham obrigação de consertar e que desta sorte nenhuma dúvida tinham em que se fizesse o relógio pelos sobejos das sisas, vendendo-se o velho para a sua ajuda, e assinaram».
(Seguem 20 assinaturas ----Sessão de 29 de Março de 1815 --- pág. 149 v.).

Fonte: “Do passado de Vila Real” – Apontamentos (Maio de 1666 a Novembro de 1850), Luís Cyrne de Castro (texto editado e adaptado) | Imagem de Armando Martins

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A 30 de junho de 1853, o então Presidente da Câmara Municipal do Concelho de Vila Real, Manuel Inácio Pinto Saraiva, mandou que o Tesoureiro do Concelho de Vila Real pagasse a “Bernardino António de Carvalho, Sacristão da Irmandade dos Clérigos de São Pedro desta Vila, a quantia de três mil reis, importância do seu ordenado vencido no ano económico de 1852 a 1853, por tratar do Relógio do Concelho”. (ortografia e pontuação atual)

Fonte: Livro do “Registo dos mandados de pagamento de todas as despesas do Município” – 8º

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Igreja dos Clérigos

(Antiga Igreja de S. Paulo ou S. Pedro Novo – vulgo Capela Nova)

As suas obras tiveram início em 2 de Fevereiro de 1639, concluindo-se pouco depois, tornando-se um grande centro de piedade.

Deveu o honroso epíteto de Sé de Vila Real e Monte de Ouro ao seu movimento religioso e à sua riqueza em alfaias.

Possui ricos azulejos internos e uma bem trabalhada frontaria.

A encimarem a fachada estão três majestosas figuras, S. Pedro ao centro e de cada lado um anjo; um com as chaves e outro com o báculo, insígnias, respetivamente, de Papa e de Bispo.

É obra coeva dos Clérigos do Porto, e do mesmo estilo.

Fonte: “O Concelho de Vila Real”, Bandeira de Tóro, 1943 (Texto editado)

Parte superior da Capela Nova, com a imagem de São Pedro ao centro.

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