Nicolau Mesquita - autor da proposta que elevou Vila Real a cidade (1923)
Nicolau Mesquita |
Nicolau Mesquita
Funcionário público. Natural de Chaves.
Governador civil. Senador. Administrador concelhio. Presidente de câmara.
Filho do comerciante Nicolau Mesquita e Maria Florinda Mesquita.
Fez em Vila Real os estudos liceais e
aí começou a trabalhar como funcionário dos correios. Mais tarde, ingressou no
jornalismo e na política, dirigindo, na sua terra natal, o jornal A Voz de
Chaves, e acompanhando o dirigente regenerador, Teixeira de Sousa, de quem veio
a ser secretário quando ele ocupou as pastas do Ultramar e da Fazenda e, por
fim, a Presidência do Ministério (1907-1910).
Dotado de notável sagacidade política
e bom senso, conseguiu para Chaves muitos melhoramentos, entre eles se
salientando a colaboração que deu para a criação do liceu de Chaves.
Com a República, afastou-se da
actividade política, a que foi forçado a regressar, por instâncias dos seus
amigos, que apelaram para o seu prestigio local, filiando-se no Partido
Republicano Português. Era, então, tesoureiro da Fazenda Pública em Chaves.
Foi eleito senador pelo círculo de
Bragança, em 1919, e pelo círculo de Vila Real em 1921, 1922 e 1925, nas listas
do Partido Democrático, e presidente da Câmara Municipal de Chaves entre 1923 e
1926.
Recusou convites que se tornaram
públicos, para a pasta do Interior e para a Direcção Geral das Contribuições e
Impostos. Exerceu, durante curto prazo, funções de Administrador, por parte do
Estado, na Companhia Rádio Marconi e na Companhia dos Caminhos de Ferro
Portugueses.
Na administração municipal de Chaves
(1923-1926) desenvolveu um notável trabalho. Durante quatro anos, a acção
desenvolvida pela sua Câmara revelou-se, a todos os títulos, excepcional.
O Boletim Municipal
(15.1.1923-31.5.1926), por ele criado, documenta uma actuação utilíssima em
prol do progresso material, intelectual e moral da população flaviense.
No campo da instrução, da assistência social
e da higiene e saneamento fizeram-se magníficas realizações completando as
iniciativas das câmaras anteriores, da responsabilidade de correligionários
seus, e já por ele inspiradas.
Muitas das suas ideias e projectos de
ordem social, vieram, anos depois, a ser postos em prática.
O repovoamento florestal da região
trasmontana e o progresso material do Norte do Distrito de Vila Real
deveram-lhe muito. A conclusão do caminho de ferro até Chaves, foi principalmente
obra da sua tenacidade.
Ficaram célebres as Festas Municipais
de Chaves, realizadas, por sua iniciativa, em 1925, e que, pelo amplo cunho
cultural que revestiram, serviram de modelo para iniciativas idênticas, mais
tarde realizadas em outros municípios.
Depois da revolução de 28 de Maio de 1926,
teve de exilar-se, e a sua administração municipal foi sujeita a um longo
inquérito judiciário, cujos resultados foram os mais honrosos para a sua
pessoa.
Após o regresso a Portugal, recebeu uma
significativa homenagem de apreço de todos os seus conterrâneos.
Mais tarde, transferiu a sua
residência para as Pedras Salgadas, de cuja empresa termal Sociedade Vidago,
Melgaço e Pedras Salgadas era já administrador. (1)
Enquanto membro do Senado e antes de regressar a Chaves, onde vai exercer funções autárquicas, apresentou na Câmara dos Deputados a proposta de lei nº 651-E/VI, de 26/9/1923, "...dando a categoria de cidade à capital do distrito administrativo de Vila Real de Trás-os-Montes.", processo que se vai concluir em 20 de Julho de 1925, com a elevação de Vila Real a cidade.”
Texto da Lei nº1:804, de 20 de Julho de 1925, que dá a categoria de cidade a Vila Real |
(1) “Os Governadores civis do Distrito de Vila Real”, Fernando de Sousa, Silva Gonçalves”