As armas de Vila Real em 1863 - sobre o «Aléo»
"Vila Real tem por armas uma coroa de
louro, e dentro dela a palavra Aléo, que, segundo a tradição, se
explica da seguinte maneira.
El-rei D. João I, depois de haver conquistado
a cidade de Ceuta, cuidados de
deixar nela por governador pessoa de tal valor que a conservasse e defendesse.
Tendo já
recusado este governo alguns cavaleiros a quem se oferecera, pelo grande risco
que se considerava na sua defesa, pedira este governo D. Pedro de Meneses, que foi o primeiro Conde de Vila Real.
Mandou-o el-rei
chamar em ocasião que ele com outros cavaleiros andava jogando a choca, que era jogar a bola fazendo-a
saltar com uma vara grossa.
Foi logo D.
Pedro à presença do rei com o cajado ou vara com que estava jogando, que
naquele tempo se chamava aléo.
E
perguntando-lhe D. João I se se atrevia a defender dos mouros aquela praça,
respondeu que com o aléo que tinha na mão a defenderia, como fez, obrando as
proezas que refere a Crónica daquele rei, e a dele, D. Pedro de Meneses, escrita por Gomes Eanes de Zurara.
E generosa
confiança com que este fidalgo respondeu a el-rei, e o glorioso desempenho com
que defendeu a praça por muitos anos, em que nunca se armou, deu tanta e tão
respeitosa estimação aos seu aléo, ou cajado, que se guardou para
com ele, em lugar de bastão, se dar posse aos governadores daquela praça.
E a de Vila Real o tomou por insígnia das suas armas, metendo-o dentro na coroa de louro, em memória da que por suas façanhas
o mereceu o senhor titular desta vila.
Assim o refere
o P. António de Carvalho na sua Chorographia,
pelo testemunho de autores contemporâneos."
Fonte: "Archivo
Pittoresco", nº16 - 1863 (texto editado e adaptado)
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Brasão atual, conforme à Portaria da Direcção-Geral de Administração Política e Civil, publicado no Diário do Governo em 31 de Janeiro de 1962m que altera as cores e reintroduz a palavra ALÉU. |
Publicado num mapa da região que ocupa as páginas centrais no Livro das Corridas de 1952. Mantém-se a cor vermelha do fundo.
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Publicado na contracapa de um folheto com a Marcha da Cidade de Vila Real, do Pe. Ângelo Minhava, editado em Braga em 1948 |
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Publicado na capa do livro das Corridas de 1952 |
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Publicado num mapa do Plano de Melhoramento do Concelho de Vila Real (...) no Período de 1938 a 1944. Note-se a espada já voltada para cima. |
Fonte das imagens: Brochura editada pelos Serviços Municipais de Cultura - Câmara Municipal de Vila Real (Março1996)
Para saber mais sobre o Aleu, recomenda-se a leitura de Aleo Aleo, Para além do Marão, de Nelson Cardoso.