Rio Corgo | Poema de Manuel Cardona
Num eterno e amargo chôro,
De pedra em saltando,
Vão tuas aguas buscando
As aguas turvas do Douro.
Mas nos açudes, a dôr
Que rezavas inda há pouco
Num sonho que te faz louco,
Muda-se em cantos de amôr.
Me lembras então, sorrindo,
Que pelo vale seguindo,
Em tardinhas feiticeiras,
Miras em doce segredo,
E a tremer de amor e medo,
O corpo das lavadeiras...
Manuel Cardona, Cantares da Serra. - Porto: Livraria
Nacional e Estrangeira - Editora, 1923