Quando Vila Real ergueu um monumento a Carvalho de Araújo
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Comandante Carvalho de Araújo |
Em 1931, a revista "Ilustração" noticiava, deste
modo, a inauguração do monumento ao Comandante Carvalho de Araújo, em Vila
Real, na Avenida à qual tinha sido dado o seu nome, no dia 1 de maio de 1919.
"Vila Real, a terra transmontana onde nasceu este
português (1), de rija têmpera, digno de ombrear com os heroicos vultos do
Portugal dominador de outras eras, ergueu-lhe agora [14-10-1931, por
subscrição nacional] um monumento, que para sempre ficará a evocar a sua
formidável façanha.
Recordemo-la, em rápidas palavras.
O caça-minas «Augusto de Castilho» navegava em águas
madeirenses, protegendo o vapor de passageiros «S. Miguel», na madrugada de 14
de Outubro de 1918.
De súbito, surge um submarino alemão, que dispara sobre o
barco que tantas vidas conduz e entre as quais logo o pânico se estabelece.
Carvalho de Araújo vê o perigo que ameaça o «S. Miguel» e só
cuida então de salvá-lo.
A manobra que ordena, sem uma hesitação sequer, é a de
cobrir com o bojo do seu caça-minas o navio alvejado pelos alemães.
Agora a luta é entre o submarino e o «Augusto de Castilho»,
enquanto o «S. Miguel» consegue pôr-se a salvo.
Luta terrível foi ela, que findou pelo afundamento do nosso
humilde vaso de guerra.
Mortos pela Pátria, mortos com heroicidade como sempre
souberam morrer os portugueses, na sua carcaça desmantelada afundaram-se também
os seus bravos tripulantes e o seu prestigioso comandante, esse que lhes
soubera dar o mais glorioso exemplo de coragem e de abnegação.
Este é o herói, oficial brioso e grande democrata, a quem
Vila Real, que se honra de ter sido o seu berço (1), ergueu uma estátua, preito que
corresponde à veneração que todos nós, portugueses, lhe devemos."
Fonte: Revista "Ilustração" - nº140 - 15 de
Outubro de 1931
(1) “José Botelho de Carvalho de Araújo nasceu a 18 de Maio
de 1881, na freguesia de São Nicolau, no Porto.
Era filho de José de Carvalho Araújo e de D. Margarida
Ferreira Botelho de Araújo, residentes em Vila Real, que, na altura do
nascimento do seu filho, se encontravam no Porto de visita a familiares.” Saber mais