O Parque Natural do Alvão foi criado em 1983


O Parque Natural do Alvão está localizado no Norte do Pais, no distrito de Vila Real.

Engloba a vertente oeste da serra do Alvão, ocupando cerca de 7000 ha.

Atinge 1339 m no Carvalhelho, mas o que marca as suas paisagens são os grandes desníveis, sendo o exemplo mais conhecido a série de quedas-d'água do rio Olo, nas Fisgas do Ermelo.

A serra do Alvão, de natureza predominantemente granítica, é também conhecida pelas formas caprichosas que se desenvolvem nestas rochas, como é o caso do caos de blocos graníticos de Muas-Arnal.

A flora é diversificada, notando-se algumas espécies singulares como a rorela, e a fauna abundante (lobo, javali, corço), embora se salientem as aves de rapina e, em particular, a águia-real.

As aldeias são [eram] conhecidas pelos seus telhados de colmo, e na de Arnal são notáveis os seus moinhos de água. (1)

O Parque Natural do Alvão foi criado pelo Decreto-Lei 237/83, de 8 de Junho.

Na serra granítica do Alvão, as pequenas aldeias anicham-se no fundo dos vales.

Deixamos aqui um extrato do documento fundador:

“O sítio conhecido pelo nome de Fisgas de Ermelo, situado na Serra do Alvão, concelho de Mondim de Basto, é sobejamente conhecido na região pelos seus valores naturais únicos ou raros.

Trata-se de uma região com formações xistosas de silúrico de grande interesse paisagístico e geológico, cujo fulcro é a queda de água do rio Olo, em Fisgas de Ermelo

Aí, onde ocorrem quartzitos do ordovícico inferior, dispõem-se as bancadas «em anticlinal aberto e de eixo inclinado para SW, isto é, para jusante do rio Olo» (Carlos Teixeira). 

A sua altitude é de 800 m, descendo em várias cascatas, um desnível de 250 m num percurso de 1500 m.

Cite-se ainda o filão de andaluzite no alto de Cravelas, a zona de Muas, o caos granítico que culmina na catedral granítica de Arnal e a queda de água do moinho de Galegos da Serra.

No rio Olo, rico em truta (Salmo fario), pode ainda encontrar-se a lontra.

Em toda esta região a avifauna é abundante e diversificada, incluindo, nomeadamente, a águia-real, a qual ainda muito recentemente ali nidificava.

Entre os mamíferos estão presentes, entre outros, o javali, o corço, o texugo, a lebre e o coelho. Entre os répteis poderá encontrar-se a cobra de focinho alto, o sardão ou lagarto de água e a víbora.

A flora e a vegetação são também ricas e diversificadas.

Não menos notável é a arquitetura tradicional de alguns dos seus povoados, sobretudo em Ermelo e Lamas de Olo, com uma arquitetura serrana própria e aspetos sociológicos, artesanais e paisagísticos de grande interesse, sem esquecer Fervença, com a sua zona agrária verdejante e formosa, disposta numa sucessão de socalcos.

O interesse local pela criação do Parque Natural do Alvão tem sido manifestado por várias formas, nomeadamente através da Câmara Municipal de Vila Real, Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro e Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão, os quais se têm empenhado junto dos organismos centrais competentes para a sua rápida concretização.

Assim:

O Governo decreta, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 201.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º É criado o Parque Natural do Alvão.

Art. 2.º - 1 - A área do Parque Natural do Alvão é definida pelos limites cartográficos na carta, à escala 1/100000, anexa ao presente diploma e que são os seguintes:

A norte:

1) Do marco geodésico do Facho por normal ao limite que separa o concelho de Vila Real do concelho de Ribeira de Pena;

2) Do ponto de encontro da normal referida com o limite que separa os concelhos citados, para oeste até ao ponto de encontro dos limites dos concelhos de Vila Real, de Ribeira de Pena e de Mondim de Basto, na proximidade do marco geodésico designado por «Marco 1.º»;

3) Do ponto de encontro dos limites dos concelhos mencionados por um alinhamento com o marco geodésico designado por «Marco 1.º»;

4) Do marco geodésico do Marco 1.º, por alinhamento com o marco geodésico do Salgueiral;

5) Do marco geodésico do Salgueiral, por alinhamento com o marco geodésico do Vidual;

6) Do marco geodésico do Vidual, por alinhamento com o ponto de encontro do ribeiro da Regada com a estrada florestal que liga a casa do guarda-florestal do Fojo com a povoação de Bilhó;

7) Do ponto de encontro atrás citado pela mesma estrada florestal até ao cruzamento junto da casa do guarda-florestal do Fojo;

8) Do cruzamento mencionado atrás pela linha de festo do monte Tomilo até ao seu cume, no marco geodésico do Corisco;

A oeste:

9) Do marco geodésico do Corisco pela linha de festo do monte Tomilo, passando pelo lugar do alto do Corisco, até à estrada nacional n.º 304, ao cruzamento com o estradão que conduz a Teijão, Campanhó;

10) Do ponto de encontro da linha de festo citada com a estrada nacional n.º 304, no cruzamento mencionado, por alinhamento com a foz do ribeiro das Canadas com o rio Olo;

A sul:

11) Da foz do ribeiro das Canadas para montante, pelo rio Olo, até à foz do afluente do rio Olo que desagua no lugar de Padornelo;

12) Da foz deste último afluente até à confluência com o curso de água que corre entre o alto de Santa Cruz e a lomba Gorda;

13) Da confluência atrás mencionada seguindo a linha de festo que, depois de atravessar a estrada nacional n.º 304, vai até ao ápice, no alto de Santa Cruz (804 m);

14) Do ápice do alto de Santa Cruz, pela linha de festo, até à portela entre as cotas de 760 m, onde têm origem o ribeiro do Moirô e um afluente da ribeira de Fervença;

15) Da portela atrás citada pela linha de festo até ao alto das Fontes por um ponto culminante (de 1082 m de altitude) sobranceiro ao marco geodésico dos Linhares;

16) Do ponto culminante de 1082 m do alto das Fontes, pela linha de festo, até ao colo situado entre as cotas de 1050 m;

17) Do colo citado pelo planalto do Linhar, rumo ao marco geodésico do Vaqueiro;

18) Do marco geodésico do Vaqueiro, por alinhamento com o marco geodésico do Picoto, sobranceiro à aldeia de Arnal;

19) Do marco geodésico mencionado anteriormente, por alinhamento com a azenha da ribeira do Arnal, junto da estrada Agarez-Arnal;

A este:

20) Da azenha mencionada por normal ao leito da ribeira de Anal para a estrada Agarez-Arnal;

21) Pela citada estrada até ao cruzamento com o estradão que leva à estrada Muas-Lamas de Olo;

22) Do cruzamento referido por alinhamento com a fraga, onde está fixada a placa de homenagem a Camilo Castelo Branco, junto da estrada Muas-Lamas de Olo;

23) Da fraga citada por alinhamento com o ponto culminante de Picoto da Relva (962 m), acima da aldeia de Relva;

24) Do Picoto da Relva (962 m) por alinhamento com o ponto culminante de 1268 m do sítio da Seara;

25) Do ponto culminante de 1268 m do sítio da Seara para o marco geodésico das Caravelas;

26) Do marco geodésico citado por alinhamento com o marco geodésico do Meroicinho;

27) Do marco geodésico do Meroicinho por alinhamento com o marco geodésico do Facho, fechando-se aqui os limites do Parque Natural.

2 - Quaisquer dúvidas levantadas pela leitura da carta à escala 1/100000, anexa ao presente decreto-lei, serão resolvidas pelos limites registados em carta à escala 1/25000, Carta Militar de Portugal, existente no Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza.

(…)” (extrato editado)

Ler o Decreto-Lei nº 237/83, de 8 de Junho na íntegra.  

(1) Dicionário Ilustrado do Conhecimento Essencial

Sugestões:

Mensagens populares deste blogue

Tripas aos molhos | Receita original de Vila Real

Vila Real, a primeira terra portuguesa com luz elétrica

Os Cemitérios de Vila Real - Cemitério de Santa Iria

Foral de Vila Real doado por D. Dinis e Dª Isabel em 1289

A Estátua de Vila Real

Diogo Cão - genealogia do intrépido e arrojado navegador português

Vila Real de Trás-os-Montes: a origem, o nome, o brasão, a cidade…

OS BROCAS - Uma Ilustre família de Vila Real

D. Pedro de Meneses, 1º Conde de Vila Real e Governador de Ceuta

Vila Real de Trás-os-Montes, por A. Lopes Mendes, em 1886