Mensagens

«Pucarinhos» - O que são?

Imagem
  Foto de Duarte Carvalho «Pucarinhos» O que são? «De todos os artigos de uso doméstico… fabricam também exemplares em ponto pequeno, como brinquedos de crianças, e, finalmente, umas 50 espécies de peças que não excedem 1 cm de altura e que reproduzem em miniatura as peças grandes ou mesmo outras que ao espírito do oleiro ocorre fabricar como curiosidade. A técnica da fabricação desta olaria minúscula tem certos pormenores exigidos pelas dimensões reduzidas dos objectos. Mas é ainda na mesma roda [ de oleiro ] que elas são executadas; simplesmente, uma pirâmide de barro de menos de um palmo de altura colada no tampo, rigorosamente verticalizada e mantida constantemente humedecida, fornece centenas de peças e dura para uma semana de trabalho aturado. Com utensílios de madeira de vidoeiro proporcionados às dimensões das peças, ponteiros, fanadoiros, picadeiras, o oleiro vai fazendo sair do vértice da pirâmide de barro os diferentes objectos, maciços, naturalmente, mas de ex...

Feira de São Pedro ou Feira dos Pucarinhos - 28 e 29 de Junho - Vila Real

Imagem
Feira de São Pedro ou Feira dos Pucarinhos 28 e 29 de Junho | Vila Real Pelo São Pedro, é de costume realizar-se em Vila Real, na província de Trás-os-Montes, uma curiosa «feira», tradicionalmente chamada « feira dos pucarinhos ». Tal feira é uma exposição de trabalhos regionais, não só de  olaria , mas também de tecidos de linho; – aparecendo ainda à venda mantas, cobertas de cama, e coisas assim. Tudo isto proveniente de incansável indústria caseira, que ali, embora rústica, se revela artística na ideação e na execução. É, porém, de olaria que, embora muito ao de leve, nestas abreviadas notas se falará agora. * * * Logo pela manhãzinha, na véspera de São Pedro, vão chegando cestos e cestos de louça de barro, pelo ordinário negra, à Rua Central, em frente à capela do nome daquele santo, [ efectivamente, a Capela tem o nome de Capela de S. Pedro e S. Paulo, mais conhecida pela designação de Capela Nova, cuja traça é atribuída a Nicolau Nasoni ] (*)  – que é on...

Solar de Mateus: “jóia delicada da arquitectura do séc. XVIII”

Imagem
Solar setecentista dos Condes de Mateus (Solar de Mateus), nos arredores de Vila Real de Trás-os-Montes ("Panorama" nº38 - 1949) “Depois, tem os grandes monumentos: de todas as épocas e estilos. Não precisamos enumerá-los: eles virão ao seu encontro, nesse deambular pelas ruas; impossível ignorá-los. Mas gostaríamos que tivesse em atenção especial o barroco, essa incontrolada explosão de beleza levitante. Encontrá-lo-a sobretudo na fachada da  Capela Nova e no interior da mesma e das Igrejas de São Pedro e do Calvário ; e ainda - claro! - no Solar de Mateus , nas imediações da cidade, a jóia mais delicada da delicada arquitectura do século XVIII. José Maria de Sousa Botelho, morgado de Mateus (1758-1825) Ora na pedra das fachadas, ora na talha dourada dos altares, ora no artesoado dos tectos, o barroco vale sempre bem a pena. Não admira esta pujança do estilo barroco na região de Vila Real. Nicolau Nasoni , o grande arquitecto italiano «double» de pintor, andou po...

A Feira de Santo António em Vila Real (1923)

Imagem
Um aspeto da Feira do Calvário Em  Vila Real de Trás-os-Montes realizou-se este ano [1923] a tradicional feira de Santo António , com particular brilho e animação, pois concorreram a ela as melhores castas de gados, grande quantidade de artigos de ourivesaria, sapataria, etc., e milhares de forasteiros de todos os pontos do país, que ficaram encantados com o pitoresco do local, as preciosidades arqueológicas que nele abundam e a hospitalidade dos seus habitantes. Abrilhantaram as festas que acompanharam a feira vários desafios desportivos, promovidos pela direcção do Sport Club de Vila Real , conforme a Ilustração já referiu, e realizou-se uma Festa da Flor , da iniciativa das alunas do Liceu Central de Camilo Castelo Branco , a qual rendeu 4:000 escudos, destinados à construção de um monumento ao heróico oficial da armada Carvalho Araújo . Em resumo, foram umas festas encantadoras, de que as fotografias que reproduzimos dão, apenas, pálida ideia.   Grupo de alunas do...

Procissão de Corpus Christi, que se fazia em Vila Real até ao ano de 1756

Imagem
Das « Memórias da antiga vila de Vila Real » recopiladas e comentadas Custódio José de Sousa Machado, de Vila Real - Ano de 1840 - manuscrito existente no Arquivo Municipal, extraio a seguinte descrição da procissão do Corpo de Deus. «PROCISSÃO DE CORPUS CHRISTI, que se fazia em Vila Real até ao ano de 1756. Primeiramente vai um carro que dão os habitantes desta vila e arrabaldes , ornado de frondosos ramos bem levantados e povoados de todo o género de frutas e hortaliças que o tempo permite, com uma dança de 16 figuras, com instrumentos próprios de hortelões. 2.º - Segue-se uma figura que representa uma serpe de muita grandeza e bem ao natural, que costumam dar os surradores. 3.º - Segue-se outra dum dragão com sua dama bem asseada que vai tirando por uma fita, que costumam dar os sapateiros e curtidores. 4.º - Segue-se S. Cristóvão com a grandeza da sua estatura, que dão os imaginários , e não os havendo é por conta da Câmara. 5.º - Seguem-se dois cavalinhos ... (?), f...

Para a história da Avenida Marginal...

Imagem
Parte da Avenida Marginal, em 1998 ( Revista Municipal nº6 ) Na edição de 27 de fevereiro de 1958, " O Vilarealense " publicou uma notícia intitulada: " Avenida Marginal ", com o seguinte teor: " Em curtos meses deve concluir o troço da Avenida Marginal, compreendido entre a antiga Escola Régia , do Largo do Trem e a velha R. de S. João . Anuncia-se agora, para breve, o início do rompimento da Avenida, desde o Palácio do Governo Civil até ao sítio do antigo Matadouro , obra que envolve a demolição de diversas casas. Assim o exige o progresso na sua implacável arrancada. Texto relacionado: Demolição da Escola do Conde Ferreira para abertura da Avenida Marginal Mas, pergunta-se, já foram notificados os proprietários e os moradores dos prédios a esboroar, do que vai proximamente suceder-lhes? Ou só se lhes esclarece a situação à última hora? Não se lhes dá tempo, o tempo necessário, justo e imprescindível, para estudarem o seu tormentoso problema, a fim de...

Memórias do Café Club, em Vila Real

Imagem
Café Club - Vila Real Em 1 de Março de 1917, inaugurou-se o Café Club . As obras começaram um ano antes, quando as pessoas de Vila Real notaram um movimento pouco habitual, nos baixos do palacete que ocupava uma parte do chão da antiga casa dos marqueses de Vila Real , que mobilizou marceneiros, pintores e trolhas. Os proprietários deste salão de recreio ou café-concerto eram o tesoureiro da Câmara Municipal, José Ferreira , e o visconde de Trevões . Já havia a tradição dos cafés-concertos em Vila Real, devido à Feira de Santo António . Mas dizia-se que o Café Club seria o mais luxuoso de toda a província. Chegado o grande dia, as portas do estabelecimento abriram-se. Tinha duas entradas, uma para a Avenida Carvalho Araújo e a outra para a Rua António de Azevedo . No interior, um balcão enorme, mesas com tampo de mármore, candelabros, espelhos e grandes quadros, pintados propositadamente para aquelas paredes, de inspiração naturalista e ao ar livre, de que alguns nã...

O Marão, formidável montanha a Poente de Vila Real

Imagem
  Vila Real, Oh! que linda és: Tens o Corgo aos Pés Em adoração! Vila Real Como és gentil: Canta-te o Cabril, Beija-te o Marão! (Refrão da Marcha de Vila Real , da autoria de Mons. Ângelo Minhava )   “O Marão - talvez não saiba ainda - é esta formidável montanha a Poente, baluarte de granito, esculpida em convulsões cósmicas, carregada até ao cerne de dramatismo, que não só nos separa como nos isola, e por isso nos molda e dá identidade e a obstinação. Teixeira de Pascoaes , um Poeta de Amarante (cidade do outro lado do Marão), adivinhava nele uma alma gémea da sua, com quem conversava a horas mortas, em noites de temporal desfeito, em que os fantasmas feitos de neblina e escuridão vagueavam pelos cerros e despenhadeiros, pagando promessas e expiando crimes. Esta visão espectral do Marão quadra-lhe bem. É de facto difícil contemplá-lo e não o sentir inquieto, como quem domina a custo ímpetos fundos de se fazer gente e amar. Os grandes Poetas, como Pascoaes, ...