Em Vila Real existiu, em tempos, o Orfeão Transmontano
Vila Real Grupo de tenores do Orfeão Transmontano |
“Organizado em
1927, pelo conhecido maestro, tenente Manuel Joaquim Canhão, fez este Orfeão
a estreia no Teatro Avenida, de Vila Real, tendo agradado, em geral, a
forma como, sob a hábil regência do seu maestro, se desempenhou do programa que
lhe foi imposto, apesar de deficientemente ensaiado.
Mais tarde, por
efeito da transferência do seu regente para Lisboa, foi convidado a assumir as
funções de seu director, o Rev.° Avelino Pinto da Silva, que dispensou
ao Orfeão o melhor da sua dedicação, durante 3 anos consecutivos,
mostrando a sua indiscutível competência musical e directiva.
O Orfeão
era composto de 100 figuras, que se apresentavam sempre irrepreensivelmente vestidos
de preto.
Entre as muitas
terras a que se deslocou o Orfeão, contam-se: Régua, Chaves e Pedras
Salgadas, onde foi intensamente aplaudido e considerado por pessoas competentes,
que veraneavam nessas termas, como o melhor orfeão do País.
Por motivos
contrários à vontade dos seus dirigentes e falta de espírito associativo da
parte de alguns componentes deixou de existir esta simpática colectividade, embora
não tenha sido dissolvida.
Passou este Orfeão
por várias dificuldades, porque sendo a princípio organizado por classes
predilectas, foi precisamente pelos de maior prestígio que o seu desmoronamento
se começou a sentir, vendo-se a Direccão na necessidade de recrutar elementos
de todas as classes, sem
distinção, para acudir à catástrofe que ameaçava, reconhecendo-se que tal
medida, não só manteve de pé a agremiação, como lhe deu um enorme valor, pois,
tais elementos mostraram a sua superioridade artística no desempenho das suas
obrigações, não desmerecendo em nada
o valor daqueles que por dissidências entre classes, o abandonaram.
Não podem
ocultar-se, as inúmeras dificuldades, com que lutou, para manter até ao último
momento tão simpático Orfeão, o seu Vice-Presidente sr. José dos
Santos Barreira, que no desempenho do seu cargo mostrou sempre a maior
dedicação e superior interesse na manutenção do grupo coral, que, somente as dissidências
apontadas, o levou à situação em que se encontra.
Foi assim que se viu desaparecer em Vila Real, um agrupamento artístico, que também era na sua missão uma escola de ensinamentos que tão necessários se tornavam.”
Fonte: “O Concelho de Vila Real”, Bandeira de Tóro, Julho de 1943 (texto editado)