O cemitério de São Dinis, em Vila Real (1863)

Cemitério de Villa Real de Traz-os-Montes, segundo um esboço do sr. Lopes Mendes

(Archivo Pittoresco, nº16 - 1863)

“Após a vitória do liberalismo, em 1834, o governo preocupou-se com a criação dos cemitérios. Porém, o sentimento da população não era unânime.

Uns apoiavam os sepultamentos ao ar livre, para evitar as epidemias provocadas pelos corpos em decomposição, contagiando quem se deslocasse às igrejas para cumprirem os deveres religiosos, outros defendiam que a alma só usufruiria de regalias especiais na sua vida de além-túmulo, se o corpo fosse inumado dentro de um recinto sagrado. (…)

As obras do cemitério de S. Dinis, iniciaram-se em Outubro de 1841.

O mestre pedreiro Jose Maria Benito Cobelo, galego, residente em Vila Real, foi o responsável pelo trabalho de pedraria.

Em Novembro de 1843 foi edificado o paredão do lado poente aproveitando a pedra resultante da demolição de duas moradas de casas ali existentes.

No cemitério de S. Dinis levantado o muro e o pórtico, as famílias mais abastadas primaram
na construção de monumentos funerários.

Os primeiros mausoléus foram os de José Joaquim de Oliveira Magalhães e de Francisco José de Gouveia. Construídos no Porto, em 1868, por António Almeida da Costa.

A estatuária foi executada por José Joaquim Teixeira Lopes. A maior parte dos sepulcros foram realizados por artistas locais. Entre eles, destaca-se pela sua beleza o de Martinho de Magalhães Peixoto.

Dos jazigos construídos no início do séc. XX, é de referir o de Virgínia Rosa Teixeira, conhecida por Madame Brouillard (…).

Passear pelas ruelas do cemitério de S. Dinis é fazer uma viagem pela história da cidade, contemplando a primitiva Igreja Matiz, a capela de S. Brás e admirar a arte da pedra e do ferro da época romântica.

As grades das sepulturas, em ferro forjado, apresentam uma forma particular de trabalho de serralharia que é típica da cidade, pelo que constituem mais um conjunto patrimonial de enorme valor".

Localizado numa zona livre de atropelos urbanísticos, o cemitério é um dos mais intocados do país e um dos que mais marcas regionais típicas possui, apesar das muitas influências que recebeu da arte funerária lisboeta e, sobretudo, portuense".

Edição: Livraria Araújo, 1907 - Fototipia
Reedição dos Serviços Municipais de Cultura - Vila Real, 2002

Edição: F. A. Martins, Lisboa, 1903/1904 - Fototipia
Reedição da Câmara Municipal de Vila Real, 2005

Fonte do texto (editado): “Monografia do Concelho de Vila Real”, Júlio António Borges

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