António Lopes Mendes (Agrónomo e Médico-Veterinário) | Pessoas da Bila

 

António Lopes Mendes era transmontano, natural de Vila Real, terra a que ele queria desveladamente. [Nasceu a 30 de Janeiro de 1835 ou 1830? se, como diz o autor do texto, morreu com 64 anos.]

Tinha 64 anos [quando faleceu a 31 de Janeiro de 1894], bem conservados, numa construção hercúlea, mais apta para os trabalhos do viajante do que para o enervamento da vida sedentária.

Lopes Mendes tinha a paixão das viagens, que eram ao mesmo tempo uma necessidade do seu organismo.

Tendo concluído o seu curso de Agricultura e Veterinária no Instituto Agrícola, foi nomeado, em 1862, pelo então Ministro da Marinha José da Silva Mendes Leal, para várias comissões oficiais na Índia Portuguesa, partiu naquele ano, e na Índia se conservou até 1871, percorrendo todo o nosso vasto império indiano, já tão reduzido.

Foi ali que, a par dos trabalhos oficiais de que fora encarregado, colheu importantes subsídios para o seu livro A Índia Portuguesa, obra dividida em dois volumes, profusamente ilustrada com desenhos seus, dos monumentos, vistas e costumes daquele país, e publicada, em 1886, pela Sociedade de Geografia de Lisboa.

Este livro é um verdadeiro padrão de glória para Lopes Mendes.

Depois do seu regresso da Índia visitou o Bussaco, sobre que escreveu um livro ilustrado com desenhos seus, e fez outras viagens pelo país, até que, em 1882 partiu para o Brasil, onde foi percorrer todo o vasto império americano, viagem que fez à sua custa.

Foi quase de dois anos esta viagem, e nela colheu valiosos elementos para o seu livro América Austral, de cuja publicação estava agora a tratar, tendo já publicadas umas dez cartas no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, de que a mesma fez uma edição em separado.

Uma dessas cartas é dirigida ao autor destas linhas, distinção de amizade que muito nos penhorou.

Além destes trabalhos literários, outros há dispersos em várias publicações como o Archivo Pitoresco, Archivo Rural e outros jornais, e no Ocidente que, muitas vezes, honrou com a sua colaboração.

Sempre no desejo de ser útil à sua pátria, que ele estremecia como verdadeiro português, nunca recebeu subsídio para escrever as suas obras, dando-se por satisfeito em as ver publicadas e que elas pudessem ser úteis ao seu país.

Lopes Mendes planeava agora fazer uma viagem aos Açores, onde tencionava também recolher bons subsídios para um livro sobre este arquipélago, e onde com os seus pequenos álbuns e lápis iria desenhar profusas ilustrações para a sua nova obra. (...)

C.A.»

in "Ocidente", nº547 - 1894 (texto editado e adaptado)

Nota complementar

António Lopes Mendes nasceu a 30 de janeiro de 1835, filho de uma família de proprietários rurais da Vila Real, província de Trás-os-Montes, região norte de Portugal, (…). 

Lopes Mendes realizou na localidade os seus estudos primários, demonstrando desde cedo uma grande aptidão para o desenho, fato logo reconhecido pela comunidade local. 

Segundo Pedro Augusto Ferreira (1833-1913), responsável pelo décimo primeiro e último volume do dicionário "Portugal antigo e moderno", ele teria pintado ainda em criança uma vista de sua terra natal no pano de boca do teatro de Vila Real (Leal e Ferreira, 1886, p. 1031-1034)

Fonte do texto e imagem 

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