Viaduto metálico do Corgo (Caminho de Ferro do Douro)
"Da Régua, segue pelo Peso uma outra estrada que se
dirige a Chaves, por Vila Real, e na
qual ficam situados adiante desta última povoação, os estabelecimentos das
águas das Pedras Salgadas e de Vigado.
Até Vila Real, tentou-se, em tempos, fazer a tracção por meio
de um caminho-de-ferro de sistema americano, porém as rampas sucessivas e muito
íngremes dessa estrada tornaram inúteis os esforços que para isso empregou uma
companhia que teve de dissolver-se com prejuízo total para os seus accionistas.
Nesse caminho chegaram, inclusivamente, a ensaiar-se máquinas
a vapor, mas sem resultado.
Desde que a filoxera começou a devastar os vinhedos desta
importante zona, a vila da Régua tem decrescido muitíssimo no seu movimento
comercial, reflectindo-se nela a miséria que lavra em muitas povoações do país
vinhateiro.
O aspecto daqueles alcantis, outrora exuberantes de seiva e
de fertilidade, é hoje desolador e assim não há ninguém que ao atravessar essa
região não sinta a alma confranger-se à vista de largos tractos de terreno, nus
de vegetação, ou com os restos ressequidos das cepas aniquiladas pelo terrível
flagelo.
Não nos detenhamos, porém, na contemplação dolorosa desse
quadro tristíssimo e prossigamos a nossa jornada.
Passada a estação da Régua, encontra-se o viaduto metálico do Corgo.
Tem 156 metros de comprimento e a altura máxima de 25.
É formado por três tramos, um dos quais mede 50 metros e dois
de 40, sendo assente em pilares de pedra; um dos pilares tem ensecadeiras.
As alvenarias que se empregaram foram na quantidade de 4.700
metros, dos quais 1.500 em fundações, que têm a profundidade de 8 metros e
3.200 em elevação.
A estrutura metálica foi fornecida pela casa Cail & C.ª,
e toda a obra importou em réis 69.424$501."
In "Ocidente", nº190 - 1884 (texto editado e
adaptado)