A linha de caminho-de-ferro da Régua a Chaves
A Gazeta dos Caminhos de Ferro
(publicação quinzenal) publicou no seu nº 426, de 16 de setembro de 1905, um
extenso e interessante artigo de J.
Fernando de Sousa, intitulado "A linha da Régua a Chaves".
Começa por escrever que "Enquanto prosseguem activamente os trabalhos de construção dos 24 km [embora no final refira 26 km] da Régua a Vila Real, que devem estar concluídos antes do fim do ano [1905], e se fazem as terraplanagens dos 15 quilómetros de Vila Real ao ribeiro das Varges, vão prosseguindo por troços sucessivos os estudos da linha até Chaves, sendo para esperar que dentro de poucos anos ficará construído este importante afluente da linha do Douro."
Mais à frente
refere que "A directriz estava
definida pelo Corgo, que era forçoso seguir até à cabeceira do vale, para se
transpor a portela de Vila Pouca de Aguiar e descer para o vale do Avelames,
até às proximidades das Pedras Salgadas.
Vencidas as dificuldades da subida da Régua
até Vila Real em terreno acidentado e em encostas aprumadas e profundamente
ravinadas, dificuldade que, em menor grau embora, o vale do Corgo continuava a
oferecer nos 15 quilómetros seguintes, o traçado foi sempre subindo pela margem
esquerda, coleando na encosta para evitar dispendiosas obras de arte, até que
atingindo o vale de Vila Pouca, mais aberto, atravessasse nele o Corgo quási na origem, para ir procurar
a portela."
Continua no artigo a enumerar as dificuldades na construção da linha de caminho de ferro, desenvolvendo os respetivos aspectos técnicos e financeiras, sobre os quais fornece inúmeros dados, chegando ao ponto de registar, quando fala das Pedras Salgadas, a preocupação de "No estudo, além de se procurar servir o melhor possível aquela afamada estância, origem de avultado tráfego de passageiros e mercadorias, e a região percorrida, importa evitar trabalhos de terraplanagens de vulto junto das nascentes de águas minerais, que podiam ser com eles prejudicadas."
Termina, escrevendo
"Estão pois quase concluídos os 26 km da
Régua a Vila Real, em construção 15 km de Vila Real ao ribeiro das Varges,
estudados 21 km entre esse ribeiro e as Pedras Salgadas e em estudo os lanços
seguintes.
Módico é o custo da linha, a qual tem
valiosos elementos de tráfego, que há-de vir avolumar a linha do Douro.
A sua construção por conta do Estado em vez
da garantia de juro de 4/2€% oferecida ao capital de réis 26:000$000 por
quilómetro, dá lugar a considerável economia, sem que a construção seja
sensivelmente mais onerosa do que a relação aos prazos estipulados para o caso
de uma concessão.
Foi pois benéfica a providência que ordenou
essa construção, isto é, o decreto de 17 de fevereiro de 1903, e merecem
aplauso quantos concorreram para a sua promulgação."
Vale a pena ler
o texto na íntegra, através das imagens a seguir publicadas: