Monsenhor Ângelo do Carmo Minhava, autor da Marcha de Vila Real
"Nascido
em Ermelo, concelho de Mondim de Basto, em 15 de
janeiro de 1919, Ângelo do Carmo Minhava explica o seu nome,
como, aliás, quase toda a qualquer palavra que profere, assim como cada
acontecimento da sua vida, recorrendo á raiz etimológica dos vocábulos, (des)
integrando-os para, na divisibilidade das partes, lhes (re) encontrar a unidade
do verdadeiro sentido(s). Fá-lo de forma tão espontânea, como quando respira,
olha ou se move na cadeira." (...)
«Ângelo,
do latim angelus, do Carmo, em devoção a Nossa Srª do Carmo,
e Minhava, o nome de uma terra que pertencia a Adoufe. Este nome...
posso imaginar a origem dele.» (...)
Depois de
concluídos os estudos primários, em Gontães, terra de seu pai, e,
por influência do meio familiar, «em que se cultivava a cultura humana e
religiosa e os conhecimentos», como refere, entrou para o Seminário de Vila Real, com 12 anos de idade. (...)
O estudo
da Música foi um «trabalho pessoal e feito às escondidas», confessa,
porque, «na altura, dizia-se que a Música desviava». (...)
Conta, com especial entusiasmo e carinho, como nasceu a Marcha de Vila Real.
«Havia as
Marchinhas de Lisboa, com os cravos e os manjericos. Um irmão meu, Manuel José
Gonçalves Grilo, que, passado pouco tempo, foi presidente da Câmara, pediu-me,
juntamente com o presidente da altura, para fazer uma Marcha como a de Lisboa,
com estilo, para ser cantada por ocasião do tradicional desfile das Festas da
Cidade.» (...)
É
interessante notar certas curiosidades, como por exemplo, o facto da «entrada
solene» da Marcha, «Vila Real, Vila Real, Vila Real», ter sido feita no
fim. O tom de marcha nupcial confere-lhe «mais majestade, solenidade, um
carácter sinfónico até.» (...)
Ângelo do
Carmo Minhava, mais conhecido por «Padre Minhava», apesar de
lhe ter sido conferido o título eclesiástico «Monsenhor», nunca chegou a
ter responsabilidades paroquiais, a tempo inteiro. A sua missão sempre foi
outra, melhor dizendo, sempre sentiu em si outras missões.
Para além
de ter sido professor de Literatura, Música, Francês, Latim, entre outras
disciplinas, traduziu textos em várias línguas, fundou e orientou o Orfeão do Seminário,
dedicando-se, desde sempre, a escrever a compor «melodias». (...)
Por
ocasião do 83º Aniversário da Elevação de Vila Real a Cidade,
comemorado no dia 20 de julho passado [2008], a Câmara Municipal de
Vila Real prestou justa homenagem a Monsenhor Ângelo do Carmo Minhava,
distinguindo-o com a Medalha de Ouro da Cidade, conferindo-lhe o título de
Cidadão Honorário de Vila Real." (...)
Fonte:
"Vila Real Revista", nº 23