Mons. Dr. Jerónimo Teixeira de Figueiredo Amaral
Mons. Jerónimo Amaral - síntese biográfica
Mons. Jerónimo
Teixeira de Figueiredo e Amaral “nasceu na Casa d'Urros, em Mateus,
em 4 de Novembro de 1859
Foi filho de José
Paulo Teixeira de Figueiredo, Senhor da Casa d’Urros, e de sua mulher, D.
Josepha Correia de Souza Pinto do Amaral, de Canelas.
Aos 16 anos foi
para Coimbra frequentar a Universidade, onde se doutorou, em Direito Civil e
Canónico, em 1882
Veio depois para
Vila Real, mas não exerceu a Advocacia.
Movido por
vocação própria, nove anos depois de concluir o seu Curso de Direito, resolveu
ordenar-se Padre. Foi para Braga onde chegou a frequentar o Seminário.
Requereu ao Arcebispo
daquela Arquidiocese, D. António de Freitas Honorato, que lhe indeferiu o
requerimento, apesar da protecção prestada ao jovem advogado de Vila Real, pelo
Deão da Sé. D. Manuel Martins Alves Novais.
O Dr. Jerónimo
do Amaral voltou para Mateus desgostoso com o sucedido, mas não desistiu do seu
intento.
Levado e
aconselhado por seu irmão Dr. Bento de Figueiredo Amaral, foi para Viseu e
requereu ao Bispo D. António Alves Martins, grande amigo da Família da esposa
de seu irmão, para fazer os exames correspondentes às Ordens Menores.
Ao contrário do
que tinha acontecido em Braga, o Bispo de Viseu não só o autorizou a fazer
esses exames como o dispensou da frequência do Seminário, podendo se o candidato
quisesse, fazer todos os exames correspondentes à Ordenação, no mesmo ano.
Assim o Dr. Jerónimo
Amaral ordenou-se Padre no Seminário de Viseu em Fevereiro de 1892.
Celebrou a
primeira Missa na Capela privativa do Palácio de Mateus em 8 de Março desse ano
Como homem
ilustrado que era dedicou-se a seguir a educação da juventude. Nos fins desse
ano de 1892 fundou o Colégio de Nossa Senhora do Rosário para educação
de rapazes, Colégio que começou a funcionar em edifício próprio, propriedade do
Dr. Jerónimo Amaral, dois anos depois.
Em 1896 foi
elevado à Dignidade de Monsenhor e nomeado para o cargo de Protonotário
Apostólico em Vila Real. Um ano depois era Juiz dos Rezíduos e Casamentos
nesta comarca.
Quando faleceu
o Bispo de Bragança e Miranda D. António Mariz, foi indicado, pela Nunciatura de
Lisboa, para Prelado daquela Diocese.
O processo foi
organizado e só faltou a nomeação. A inconfidência do abade de Mateus fez com
que Mons. Dr. Jerónimo Amaral fosse a Braga pedir ao Arcebispo D. Manuel Vieira
de Matos para que intercedesse junto do Anúncio para que não fosse nomeado
Bispo de Bragança.
Foi atendido e
não foi nomeado, dedicando-se como até ali a dirigir o Colégio.
Também foi político
e militou no Partido Progressista que tinha como Chefe Distrital o Conde
de Vila Real, mas não exerceu qualquer cargo na Administração pública.
Com a
implantação da República em 5 de Outubro de 1910, grande número de alunos do
Colégio revoltou-se contra o que eles chamavam, erradamente, a prepotência dos
padres, dando grande desgosto ao Dr. Jerónimo que resolveu fechar aquele
estabelecimento de ensino.
Em 1917, sendo
Presidente da Câmara e Provedor da Misericórdia o Exmo. Sr. Dr. Augusto Rua,
distinto advogado de Vila Real que hoje vive em Santo Tirso, o edifício do
Colégio foi vendido à Misericórdia para a instalação do seu Hospital que então
funcionava onde hoje são os Paços do Concelho.
Com esta
transação pouco lucrou o Dr. Jerónimo pois vendeu a casa por baixo preço
prestando assim um grande serviço a Vila Real.
Em 1923, com a
fundação da Diocese de Vila Real, foi nomeado Provisor e Vigário-Geral desta
circunscrição religiosa, e, como é natural, proposto para seu primeiro Bispo.
Renunciou pela segunda vez à dignidade de Bispo.
Em 1926, sendo
proprietário do edifício do antigo Liceu, trocou-o com o velho casarão do Convento de Santa Clara oferecendo este ao Arcebispo de Vila Real D. João de Lima
Vidal para no seu terreno se construir o Seminário diocesano que é o
actual.
(Na reunião da Comissão Municipal Administrativa, realizada no dia 14 de maio de 1927, foi presente um requerimento de "Monsenhor Jeronymo Teixeira de Figueiredo Amaral, d'esta cidade, pedindo a troca de terrenos na Rua do Carvalho para ali construir o Seminário Diocesano. Ficou incumbido o vogal senhor Paulino Celestino de estudar o assumpto a quem foi entregue a respectiva planta.")
Era desde 1923
Director diocesano do Apostolado da Oração. Dedicou toda a sua vida a propagação
da Fé de Cristo, praticando o bem e espalhando toda a sua fortuna por obras de
caridade.
São inúmeros e difíceis
de citar os donativos, as esmolas, os momentos em que acudiu a pobreza, e os benefícios
com que concorria onde houvesse lágrimas e miséria.
Entre as muitas
coisas que Vila Real lhe fica devendo, lembramos que o Parque de Nossa
Senhora de Lourdes, construído em terrenos seus, foi obra sua, assim como o
monumento à Virgem.
Em 1938, foi
agraciado pelo Governo com a Comenda da Ordem da Instrução Pública.
É para lembrar
aos nossos filhos quem foi tão prestante e bondoso cidadão, que escrevemos
estas linhas.
Faleceu
Monsenhor Dr. Jerónimo Teixeira de Figueiredo Amaral, na Casa d'Urros, em 8 de
Fevereiro de 1944.”
Júlio Teixeira, Fidalgos e Morgados de Vila Real e
seu Termo, vol. I, Vila Real, 1946, pp. 167 – 168 (texto editado e adaptado)
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Busto colocado em frente ao cemitério de Mateus |
O nome de Mons. Jerónimo Amaral ficará para sempre registado na memória dos vila-realenses, assim como na toponímia da cidade:
- Praceta Monsenhor Jerónimo do Amaral
- Rua Monsenhor Jerónimo do Amaral
e num estabelecimento de ensino: Escola Básica (EB2,3) Monsenhor Jerónimo do Amaral.
Fontes: “Vila Real de Trás-os-Montes”, de Correia de
Azevedo + Diocese de Vila Real (textos editados, adaptado e acrescentados com
outras fontes).
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Placa colocada junto à entrada da igreja paroquial de Mateus - Vila RealSugestões: |