Exposição para a modificação do Brasão de Vila Real
Exposição para a modificação do Brasão de Vila Real
Pelo senhor
Vereador Dr. Correia de Barros, foi apresentada a seguinte proposta, que foi
igualmente aprovada por unanimidade:
Os homens,
como as coisas, mudam consoante estão em mare de prosperidade ou desgraça.
Também o brazão de Vila Real tem sofrido as suas transformações - em número de
três - só porque os que deviam velar pela sua honra, ou foram valorosos (D.
Pedro de Menezes), ou traidores (marqueses de Vila Real).
Originariamente,
conforme cópia que está na Torre do Tombo, compunha-se de escudo de forma
ogival com o vertice voltado para baixo, tendo no seu interior em fundo
vermelho, um punho humano vestido de azul segurando uma espada com a lâmina de
prata em que o punho e cópos são de ouro.
Estava o
escudo encimado por uma coroa aberta (corôa real) da maior simplicidade, pois
era costume simbolizar a mais alta hierarquia com a maior singeleza, o que já
não acontece com as corôas de condes e marqueses que estão cheios de floreados.
O primitivo
brazão dado por D. Afonso III durou desde 1272 (época em que concedeu a Vila
Real o primeiro foral) até 1414 [sic] com D. Pedro de Menezes, depois da
conquista de Ceuta.
Esta vila
devia ser pertença da casa real (o que depois se não verificou) e o seu brazão
indica ser praça de defesa da coroa. Os feitos de gloria de D. Pedro de Menezes
levaram o rei D. João I a acrescentar ao primitivo brazão uma corôa de carvalho
com folhagem em vêrde inscrevendo no seu interior de fundo branco a palavra
ALLEO em letras de ouro em homenagem ao 1.º Governador de Ceuta, pois ele
dissera quando lhe ofereceram esse posto, e em ocasião em que jogava a choca -
"com êste ALLEO... "
E assim como
dissera o tinha cumprido; e por isso o principe de bôa memória quis então
honra-lo para a posteridade.
Mas um dia
vem a desgraça com a traição dos Marqueses de Vila Real em 1641 e ao castigo
infamante que receberam no patibulo acrescenta-se a transformação do brazão que
estava sobre a sua dependencia.
No escudo
com a corôa do marquês apenas fica a espada com lâmina de prata e punho
dourado, em campo vermelho, com a ponta virada para baixo; e é esse brazão o
símbolo actual de Vila Real.
Representa
por isso um castigo que os nossos antepassados sofreram.
- Mas nós
que aqui vivemos numa época de reabilitação pediamos respeitosamente que êsse
passado desonroso fôsse apagado do nosso símbulo e que voltassemos a possuir o
brazão do homem mais ilustre desta terra – D. Pedro de Menezes.
Proponho que
esta exposição seja enviada ao Ministro do Interior para a modificação do
Brazão de Vila Real e outrosim sobre a bandeira da cidade e suas cores.
Da acta da
Câmara Municipal de Vila Real, de 10 de Janeiro de 1941
Fonte: brochura
editada pelos Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Vila Real (Março/96)