Belezas nas margens do Rio Corgo – Vila Real

Clichés do distinto fotógrafo amador, Sr. Miguel Monteiro, de Vila Real
Illustração Portugueza - Maio de 1919


rio Corgo nasce próximo de Vila Pouca de Aguiar, e, após um percurso de 43 km, desagua junto à cidade do Peso da Régua, na margem direita do rio Douro, a uma cota de 50 metros.

Rio Córgo, sim senhor, e não Côrgo, como declina a preciosa e surda prosódia da Cidade - se lhe extorquirmos o acento agudo.

Simplificação morfológica de Córrego - vulgar carreiro entre montes. Filho legítimo de corrugu, latino-nado e baptizado no Lácio, mas daimoso, tal qual a senhora sua mãe; logo acidentado, depois impetuoso, ou o teor da vida e obras do rio Córgo.

Olho-o de frente. Considero-o de través. E, pelos costumes, a indole e o nascimento, reconheço nele um irmão mais velho.

Irmão, sim. Disse-o algures. Torno a dizê-lo. A mãe dele é minha mãe - Vila Pouca de Aguiar. E Vila Pouca, ao dar-nos à luz, se alguma coisa marcou diferença entre mim e ele, foi na data do nascimento - a do Córgo algo anterior à minha, apesar da minha contar à roda de dois séculos.

Que, no tocante a naturalidade, por pouco nos não igualou - fazendo-o nascer no meu berço, ou a mim no berço dele.

Eu nasci em casa com janelas traseiras debruçadas sobre o Chão Grande - cortinha dos meus avós paternos, estimada em não sei quantos alqueires.

No Chão Grande nasce o rio Córgo, quando muito a cinquenta braças da casa onde eu soltei os primeiros alentos. (…)

Sai do Chão Grande, de recanto aveludado por verdes frescos e virginais, ignorados em câmaras de régias parturientes.

Os soluços do seu choro contam-se pelos glus-glus da linfa borbulhando da madre. Pelas
cantarinhas que lhe afloram ao rosto, podemos contar-lhe as lágrimas. (…)” (1)

O escoamento anual médio é de 360,6 hm3. Tem sete bacias elementares e a área da bacia é de 469,143km2.

Sensivelmente, a meio do seu trajeto, o rio Corgo passa pela cidade de Vila Real, onde recebe como afluente o rio Cabril (cuja nascente se situa na serra do Alvão), além de outros pequenos riachos e ribeiros, como, por exemplo, a ribeira de Tourinhas (Cascata da Penada).

Passado 

- o local conhecido como o “Rio das Lavadeiras” (parte final de um açude magnífico localizado em frente ao Parque Florestal (verdadeiro pulmão da cidade), 




- a Ponte Sta Margarida, mandada construir em 1490 por D. Pedro de Castro.

- e a Ponte Metálica, concluída em 1904, e que entre 1948 e 1951, e em 2002 e 2003, passou por grandes obras de renovação que lhe deram a estética e beleza arquitetónica que hoje tem, 

rio Corgo rasga e afunda o seu leito entre duas margens rochosas e escarpadas, cheias de vegetação, dando origem a uma “paisagem” muito interessante e algo sui generis, conhecida por as "Escarpas do Corgo".

Logo a seguir a Vila Real, e após o rio Corgo entrar no concelho de Santa Marta de Penaguião, pode-se admirar a magnífica vista do vale do rio, a beleza das vinhas da Região Demarcada do Douro, além de antigas casas senhoriais das quintas do Douro, tendo ao longe, no horizonte, a serra do Marão, fronteira natural entre a região de Trás-os-Montes e Alto Douro e o litoral do país.

Durante muitos anos, e no seu trajeto entre Vila Real e a Régua, o rio Corgo teve a companhia da Linha do Corgo, uma linha de caminho-de-ferro de via estreita com comboios puxados por locomotivas a vapor e, posteriormente, automotoras LRV 2000 a diesel, que não ultrapassavam os 30 km hora, e que foi desativada há já alguns anos.

(1) “O Córgo – Vida e obra dum rio”, Sousa Costa – Edição da Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão, 1961

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