Chafarizes e fontes em Vila Real, segundo a Rellação de Vila Real, e seo termo

O "Chafariz do Campo do Tabolado" 

(conhecido como "Maria da Fonte") em 1937


Segundo a Rellação de Vila Real, e seo termo copiada e aumentada com novas notícias por Custódio José de Sousa Machado, no século passado [séc. XIX], em Vila Real existiam, em 1721, cinco chafarizes:

- o do Campo do Tabolado, «chafariz vistozo, com huma taça de extrardinaria grandeza, com quatro bicas tanto na taça superior, como na inferior; que vem cahir a hum tanque circular, em que podem beber trinta cavalos simultaneamente; firmado este chafariz em escadas e degraos em redondo, em que se costuma tomar o fresco nas noites do verão» com as armas reais na parte de cima, viradas para poente;

- o da Praça Velha, alimentado com as águas do chafariz do Campo do Tabolado;

- o da Fonte Nova, do mesmo tipo do chafariz da Praça Velha, e que ficava «na entrada de huma quinta que em outro tempo foi de D. Luis de Mendonça Cabral, e passou a seo filho João de Mendonça Furtado; e de seos herdeiros por compra a Francisco Joze Teixeira de Azevedo cappitão mor desta Villa, e fidalgo da Caza Real» ;

- o do Cabo da Vila

- e o de Santa Margarida.

E sete fontes - do Chão , do Calvo, do Arnal, de São Pedro, de São Francisco, do Carro e da Tenaria - além de algumas fontes em casas particulares e nas quintas que cercavam a cidade.

Era preocupação constante do senado da câmara de Vila Real a conservação e limpeza de todos os chafarizes e fontes: em 1708, Domingos Rodrigues, pedreiro de Entre Douro e Minho, por não poder consertar a fonte de D. Pedro, obra que tinha arrematado, trespassa-a a Miguel Francisco, pedreiro de Vila Real, com a obrigação de fazer na dita fonte «dos braças de ladrilho e huma calssada desde a escada porque estava tudo esbarrondado como tambem hum paredam que estava caido sobre a dita fonte».

Em 1727, 1730 e 1731, encontramos o pedreiro Bernardo Lobo, encarregado pelo senado para consertar e limpar os chafarizes e fontes de Vila Real.

Dentro desta linha de actuação por parte do senado da câmara, surge-nos o primeiro documento relacionado com a actividade de Matias Lourenço de Matos, incumbido pelos vereadores Matias Pinto do Amaral, Pedro Teixeira de Azevedo e Diogo Félix de Mesquita de fazer «hobra de pedraria» na fonte de São Francisco, que ficava no meio de um terreiro, junto da cerca do convento do mesmo nome.

Já em 1703, a fonte de São Francisco tinha recebido melhoramentos, altura em que o pedreiro Miguel Francisco teve que «desfazella e fazella de novo» e mais tarde, em 1755, após as obras
efectuadas por Matias Lourenço de Matos, em 1739, novamente seria consertada por António Ribeiro.

Fonte: “Matias Lourenço de Matos, mestre pedreiro de Vila Real no século XVIII (Aportações documentais para o estudo da sua actividade”, Joaquim J. B. Ferreira Alves (texto editado e adaptado), in “Estudos Transmontanos”, nº1

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